No espaço de um ano, entre Junho de 2005 e Junho último, as famílias portuguesas pediram emprestados ao banco cerca de 14,6 mil milhões de euros. Um valor que parece indicar que a subida das taxas de juro iniciada em Dezembro pelo Banco Central Europeu não está a refrear o endividamento. No mesmo período, o crédito de cobrança duvidosa subiu 117 milhões (5,9%), totalizando agora 2,1 mil milhões de euros.
De acordo com os dados do Boletim Estatístico do Banco de Portugal, ontem divulgado, os particulares registavam em Junho um volume de endividamento mais elevado que no mês anterior e que no mês homólogo de 2005. Esta maior procura de crédito verificou-se tanto naquele que visou financiar a compra de casa, como bens de consumo ou o que se destina a outros fins.
O volume de crédito atingia, assim, no final do primeiro semestre deste ano, 111,12 mil milhões de euros, o que equivale a mais 1,4 mil milhões que em Maio e mais 14,6 mil milhões que em Junho do ano passado. Daquele total, a maior fatia corresponde à dos empréstimos para compra de habitação, que somam já 88,8 mil milhões de euros (ou seja mais 12,4 mil milhões ou mais 16,2% que há um ano). No crédito ao consumo há a registar uma subida de 1,58 mil milhões de euros (mais 17,1%) entre Junho de 2005 e Junho último. Este tipo de empréstimos totaliza agora 10,78 mil milhões de euros e tem registado uma subida constante desde Janeiro.
Já o crédito que se destina a outra fins somava em Junho 11,52 mil milhões (contra 11,44 mil milhões em Maio), tendo crescido 5,5% (ou mais 609 milhões) em relação a Junho do ano passado.
Estes valores (ver infografia) parecem, assim, indicar que perante a subida das taxas de juro decidida pelo BCE nos últimos tempos (e que já fez o preço do dinheiro subir de 2% para os actuais 3%) os portugueses ou não sentem ainda a pressão das taxas de juro ou estarão a renegociar os seus empréstimos de forma a suavizar as prestações mensais.
No que diz respeito ao crédito de cobrança duvidosa, os dados do Boletim Estatístico evidenciam dois tipos de comportamento distintos nos empréstimos para compra de casa e outros fins, o malparado desce em relação a Maio, mas sobe quando a comparação é feita com o mês homólogo do ano passado. No do consumo é ao contrário. Neste conjunto de subidas, a mais acentuada é a que se verifica no crédito para compra de casa, que entre o final do primeiro semestre de 2005 e o deste ano passa de 1049 milhões de euros para 1131 milhões (uma subida de 7,8%). Face a Maio desce 31 milhões de euros.
Já no crédito ao consumo, o malparado totaliza agora 415 milhões, contra 413 em Maio e 416 em Junho de 2005, enquanto no destinado a outros fins a soma total ascende a 557 milhões, quando em Maio era de 595 e em Junho de 521 milhões de euros.
Fonte: Jornal de Notícias
Data de introdução: 2006-08-23