(...) Não sei se hei-de levar para a brincadeira a sugestão dos ambientalistas de que em Portugal não são necessárias mais barragens para a produção de energia eléctrica porque basta poupar no consumo, público e privado, para termos energia que chegue.
Tenho muito dificuldade em levar a sério esta sugestão dos ambientalistas quando nós sabemos que Portugal, apesar de ser, dizem, o país da UE com menor consumo de energia por habitante, importa mais de 70% da energia que consumimos.
Mas já que estamos num tom de brincadeira e de boa disposição, permitam-me uma sugestão aos ambientalistas. Porque é que não substituem os seus automóveis por burros? É que, no seu quadro de valores, só haveria vantagens, se assim fizessem.
Por um lado, deixavam de consumir gasolina, que é importada, é cara e é muito poluente. Por outro lado, impediam a extinção do burro e simultaneamente favoreciam o incremento da economia nacional, já que, desde logo, diminuíam as importações do petróleo, que é cada vez mais caro, e ao mesmo tempo ajudavam a agricultura - que até podia ser biológica -, já que seria necessário produzir, em grande quantidade, cereal e palha para os burros comerem.
E, para rematar os benefícios, ainda aproveitavam o estrume para fertilizar biologicamente os campos e as hortas, que dariam produtos biológicos, muito mais saudáveis.
Fico à espera para ver até onde vai a coerência dos ambientalistas e dos defensores do burro.
Editorial da Voz do Nordeste, s/dvnordeste@clix.pt
Data de introdução: 2004-10-17