Presente em 26 concelhos da região centro do país, contando com um pequeno “exército” de funcionários – mais de seis centenas -, disponibilizando uma vasta série de serviços, a Caritas de Coimbra é um mundo ao serviço dos que mais necessitam.
O Solidariedade deixa aqui um bilhete de identidade resumido desta pujante instituição ligada à Igreja Católica.
Organização da Diocese de Coimbra, com erecção canónica pelo Ordinário Diocesano, tem por objectivo dinamizar a acção social da Igreja neste espaço geográfico. Privilegia os seguintes princípios de acção: a assistência; a promoção, com particular incidência na acção sociocultural; o desenvolvimento, com particular enfoque na acção socioeconomica; a humanização, olhando preferencialmente aos "direitos, liberdades e garantias" da pessoa e da comunidade; e a transformação de estruturas, seja pela denúncia de situações incorrectas, seja pela participação activa nas organizações e redes de acção internacionais, nacionais, regionais e locais.

O raio de acção da Caritas Diocesana de Coimbra abrange 26 concelhos (distrito de Coimbra - 17; Leiria - 6; Santarém - 1; Aveiro - 1; Viseu - 1), num total de 266 paróquias. O apoio sistemático à formação de Grupos de Voluntários para a Acção Social Comunitária ou ao funcionamento de outras estruturas e equipamentos de resposta aos problemas sociais cobre cerca de 200 destas paróquias.
No que respeita às actividades concretas, destacam-se cinco pólos aglutinadores: definição de objectivos globais para a acção social da Igreja; sensibilização das comunidades/freguesias para que assumam as suas responsabilidades próprias na resposta aos problemas sociais que enfrentam, com um forte empenhamento na criação de grupos de voluntários para a acção social directa, potenciando o aproveitamento de recursos humanos e materiais endógenos; formação e capacitação técnica para a acção, seja de voluntários, seja de profissionais; colaboração com pessoas, grupos e instituições (autarquias, organismos oficiais, associações, IPSS, PDIAS...); resposta específica aos problemas que, pela sua natureza, ultrapassam o âmbito das comunidades locais ou que, por qualquer razão, escapam às disponibilidades e capacidades das próprias comunidades em cada momento. Esta resposta consubstancia-se essencialmente em Equipamentos de Acção Social.

A Cáritas Diocesana de Coimbra orienta actualmente 62 Centros de Actividades de Tempos Livres (A.T.L.) para crianças, ao nível do 1.º Ciclo do ensino básico, e para adolescentes e jovens, ao nível dos 2.º e 3.º Ciclos do ensino básico e ensino secundário. Estes Centros, com um número aproximado de 3260 utentes, embora espalhados um pouco por toda a Diocese, privilegiam as zonas socialmente mais adversas (por exemplo, bairros suburbanos). Alguns destes Centros funcionam no interior das próprias escolas, complementam a acção educativa destas, propondo actividades complementares, potenciando a socialização do espaço escolar e congregando os adolescentes e jovens em torno de actividades e projectos alternativos à "rua", ao "bar", ao "arrastar-se pelos cantos"...

A instituição tem dois lares dirigidos a jovens desprovidos de meio familiar normal. Um feminino, em Coimbra, com 18 utentes; outro masculino, em Semide (Miranda do Corvo), que acolhe 65 rapazes.
Por solicitação de D. João Alves, então Bispo de Coimbra, a Cáritas de Coimbra assumiu em 1983 a gestão da Creche e Jardim de Infância de N.ª Senhora de Fátima, no bairro do mesmo nome, na Pedrulha (Coimbra). Na sequência do trabalho de promoção comunitária desenvolvido no Bairro do Ingote (Coimbra) em 1989, veio a ser criado, no mesmo, um Centro Social que também contempla estas duas valências. Igualmente em Cernache (Coimbra), a Cáritas assumiu em 1992 a gestão de uma Creche e Jardim de Infância aí existente, mais tarde integrada no Centro Social Comunitário Nossa Senhora dos Milagres. O número de utentes nestes três Centros e nestas duas valências totaliza 230 crianças.

IDOSOS

Actualmente o trabalho da Cáritas de Coimbra com idosos em equipamento e apoio domiciliário ultrapassa os 1000 utentes: 417 em 19 pólos de Apoio Domiciliário, cem nor de N. S. da Encarnação, em Buarcos, 388 em 19 Centros de Dia, 133 em sete Centros de Convívio. “Para além do serviço que prestam de modo imediato aos utentes idosos, e que é o seu fim específico, é curioso notar ainda que em não poucas paróquias, sobretudo na região nordeste da diocese, muitos destes equipamentos se tornaram como que o centro de vida da própria comunidade: o local de encontro das pessoas, o local do emprego de algumas poucas que ficam, a obra que ainda justifica os carros que cruzam as ruas antigas e estreitas...” – assinalam os responsáveis da instituição.

CENTRO RAINHA SANTA ISABEL

Em 1997 foi inaugurado em Coimbra, ao Areeiro, o Centro Rainha Santa Isabel, uma unidade de acção social que conta com 4 valências: Internamento para grandes dependentes, com capacidade de 74 camas; Centro de Dia para 80 idosos, com transporte diário; Apoio Domiciliário a 70 famílias; Clínica de Medicina Física e Reabilitação. O Centro é uma obra vocacionada prioritariamente para o apoio a pessoas dependentes (não necessariamente idosas) e simultaneamente à reabilitação, na medida das possibilidades de cada pessoa. Trata-se de um edifício de cincos em cuja concepção se teve a preocupação de evitar todas as barreiras arquitectónicas, adaptando funcionalmente os espaços diariamente utilizados por aqueles que possuem um menor grau de autonomia. Todo o equipamento e técnicas utilizadas estão adaptadas ao estado de incapacidade sentido pelos utentes.
Alguns anos depois (já em 2003), o Centro Rainha Santa Isabel integrou um novo Lar para idosos (o Lar de Santo António), em edifício construído de raiz para esse efeito.

MULHERES EM SITUAÇÃO DE RISCO

O trabalho mais sistemático com mulheres em risco social agravado, ou mesmo na prática prostitucional, iniciou-se na década de 80, nomeadamente com atendimento localizado na sede da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu, em Coimbra. Em 1991 a Cáritas deu início a um Projecto de Luta Contra a Pobreza, na cidade, que durou até 1999, especificamente dirigido para este estrato populacional, que teve três vertentes fundamentais: atendimento, apoio sociofamiliar e formação (escolar, sanitária, pré-profissional...). Cada uma destas vertentes está localizada num espaço geográfico diferente, desde logo por razões ligadas à própria natureza do trabalho desenvolvido.
Deste projecto nasceram outras respostas, nomeadamente a vinda para Coimbra das Irmãs Adoradoras, "especializadas" em trabalho com mulheres em risco e com prostitutas, que orientam a Casa de Nossa Senhora da Paz.
A Cáritas mantém o Centro de Acolhimento, na Rua Direita, numa casa restaurada pela Câmara Municipal, especificamente para esta finalidade. Foi também deste trabalho que nasceu a Empresa de Inserção "Azul e Branco". Actualmente está em processo de Construção o Centro Renascer, que visa o acolhimento de mulheres vítimas de algum tipo de violência.

CEARTE

Em 1987, a Cáritas Diocesana de Coimbra celebrou um protocolo com o Instituto do Emprego e Formação Profissional, pelo qual foi criado o CEARTE - Centro de Formação Profissional do Artesanato. Trata-se de um Centro protocolar, com autonomia e gestão próprias, que cobre todo o território nacional, direccionado especificamente para o artesanato, quer na formação profissional (qualificação profissional e formação contínua), quer no apoio à empresa (formação, apoio à criação de empresas, colocação profissional, consultoria técnica). O CEARTE tem a sua sede em Coimbra e mais dois pólos de formação, um em Semide (Miranda do Corvo) e outro em Cabaços (Alvaiázere). De salientar o interesse que o CEARTE, sem prejuízo da sua actividade normal, dedicou desde sempre à formação profissional e integração no mercado de trabalho de grupos socialmente desfavorecidos, nomeadamente pessoas com deficiência física, jovens com dificuldades de integração social e de aprendizagem no currículo escolar normal, mulheres em risco, minorias étnicas. Muito do trabalho da Cáritas de Coimbra junto destes grupos sociais tem sido enriquecido por esta colaboração do CEARTE na vertente profissional. É também relevante a cooperação do CEARTE com muitas comunidades, não raro com forte empenhamento das paróquias, em ordem à criação de pequenas empresas locais com revalorização de saberes tradicionais na área do artesanato - capachos, fabrico de queijo, calcetaria, cerâmica, etc.

 

Data de introdução: 2007-01-07



















editorial

NOVO CICLO E SECTOR SOCIAL SOLIDÁRIO

Pode não ser perfeito, mas nunca se encontrou nem certamente se encontrará melhor sistema do que aquele que dá a todas as cidadãs e a todos os cidadãos a oportunidade de se pronunciarem sobre o que querem para o seu próprio país e...

Não há inqueritos válidos.

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Em que estamos a falhar?
Evito fazer análise política nesta coluna, que entendo ser um espaço desenhado para a discussão de políticas públicas. Mas não há como contornar o...

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Criação de trabalho digno: um grande desafio à próxima legislatura
Enquanto escrevo este texto, está a decorrer o ato eleitoral. Como é óbvio, não sei qual o partido vencedor, nem quem assumirá o governo da nação e os...