BRAGANÇA

Idosos fizeram da poupança um estilo de vida

Os idosos do Distrito de Bragança apresentam uma capacidade de poupança que lhes permitiu acumular pequenas fortunas com poucos recursos, mas preferem passar necessidades a usar as economias de uma vida. Este é o retrato feito pelos serviços regionais da Segurança Social e Governo Civil, para quem "a imagem de pobreza associada aos idosos da região é mais uma opção de vida do que uma real necessidade".

Esta foi também uma das razões apontadas para o reduzido número de beneficiários do Complemento Solidário para Idosos (CSI), que, em 2006, abrangeu na região apenas 277 dos cerca de oito mil potenciais candidatos com mais de 80 anos.
O Governador civil de Bragança, Jorge Gomes garantiu que "o distrito tem pouca gente com necessidade deste complemento", criado pelo actual governo para garantir que nenhum idoso tenha um rendimento mensal inferior a 300 euros.

O CSI abrangeu em 2006 os idosos com mais de 80 anos, em 2007 é alargado aos 70 anos e em 2008 à generalidade dos reformados.

A directora do Centro Distrital de Bragança da Segurança Social, Teresa Barreira, acredita que "os idosos contemplados na região são os que realmente necessitam". Segundo disse, os restantes já estão a ser apoiados por outras prestais sociais ou através do apoio domiciliário ou estão institucionalizados.

Dos 480 requerimentos feitos aos serviços na região até 25 de Janeiro, 133 foram indeferidos e 80 estão em análise, alguns dos quais dizem respeito já à nova fase, que abrange idosos a partir dos 70 anos. Para esta faixa etária, os serviços notificaram mais de 10600 potenciais candidatos, embora acreditem que também apenas um número reduzido virá a beneficiar deste apoio.

Segundo os responsáveis locais da Segurança Social, a razão não se prende com qualquer tipo de discriminação em relação aos idosos do litoral, mas por haver poucos idosos na região com baixas reformas, que não tenham outros complementos, ou outras fontes de rendimento, nomeadamente ligadas à agricultura. O que mais tem surpreendido os técnicos é a capacidade de aforro, sobretudo dos mais velhos, que conseguiram amealhar ao longo da vida com poucos recursos, pequenas fortunas.

Um exemplo apontado foi o de uma idosa que, apesar de ter uma reforma abaixo dos 300 euros, tinha numa conta bancária superior a 90 mil euros de poupanças. "Pode parecer que vivem com alguma precariedade, mas é um opção de vida", disse Teresa Barreira.

O governador civil, Jorge Gomes, lembrou um estudo revelado por uma entidade bancária, em que o Distrito de Bragança contrariava a realidade nacional, com mais depósitos do que créditos. Segundo o estudo, em todas as sucursais da região daquele banco estavam depositados, em 2005, 1400 milhões de euros e tinham sido emprestado 800 milhões, o que resultava num saldo positivo de 600 milhões.

Os técnicos da Segurança Social estão convencidos de que as gerações mais recentes já têm uma postura diferente, pelo que prevêem um aumento do número de beneficiários quando o complemento for alargado aos 65 anos. Para que ninguém fique de fora por falta de informação, a Segurança Social vai apelar a autarcas de freguesia e párocos para informarem as populações. Os serviços disponibilizam-se também para sessões de esclarecimento nos locais, nomeadamente através de uma unidade móvel que vai percorrer as localidades mais isoladas.

02.02.2007

 

Data de introdução: 2007-02-02



















editorial

VIVÊNCIAS DA SEXUALIDADE, AFETOS E RELAÇÕES DE INTIMIDADE (O caso das pessoas com deficiência apoiadas pelas IPSS)

Como todas as outras, a pessoa com deficiência deve poder aceder, querendo, a uma expressão e vivência da sexualidade que contribua para a sua saúde física e psicológica e para o seu sentido de realização pessoal. A CNIS...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Que as IPSS celebrem a sério o Natal
Já as avenidas e ruas das nossas cidades, vilas e aldeias se adornaram com lâmpadas de várias cores que desenham figuras alusivas à época natalícia, tornando as...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Adolf Ratzka, a poliomielite e a vida independente
Os mais novos não conhecerão, e por isso não temerão, a poliomelite, mas os da minha geração conhecem-na. Tivemos vizinhos, conhecidos e amigos que viveram toda a...