IGREJA CATÓLICA

Papa pede contenção no abraço da paz e nos estilos musicais

O Papa chama a atenção para os excessos no abraço da paz, para a confusão que se pode gerar no ofertório e pede contenção nos estilos musicais adoptados durante a missa. Reafirma o celibato dos padres, a impossibilidade de comunhão para os "recasados". Volta a sugerir o Latim e o canto gregoriano em certas partes da eucaristia, mas só nas grandes cerimónias que atraem católicos de diferentes países (Fátima ou Lourdes são disso exemplo).

As orientações estão contidas na Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, de Bento XVI, ontem publicada pelo Vaticano. Durante a conferência de Imprensa, o cardeal Ângelo Scola explicou que a exortação pós-sinodal tem por objectivo recolher a riqueza de reflexões e propostas surgidas no Sínodo dos Bispos de 2005, centrando-se o texto na importância da eucaristia.

Apesar da falta de padres, facto reconhecido pelo Papa no documento agora publicado, recomenda-se alguma cautela no recrutamento de novos sacerdotes, por forma a não iludir os fiéis com vocações menos firmes de alguns jovens atraídos para a Igreja. Apesar da penúria de "quadros", o Papa não admite facilitismos só para que a eucaristia chegue a mais zonas do planeta. "A importância da função dos leigos (...) jamais deve ofuscar o ministério insubstituível dos sacerdotes".

O Papa não parece também impressionado com a televisão como meio difusor da palavra de Deus. A TV não cumpre o preceito dominical e ninguém deve dispensar-se de ir à igreja, embora o Papa mostre compreensão relativamente a idosos e doentes.

A exortação sublinha a conveniência de moderar a saudação da paz, "que pode assumir expressões excessivas, suscitando um pouco de confusão na assembleia precisamente antes da comunhão". O gesto deve ser limitado, por exemplo, a quem está mais próximo. Aliás, Bento XVI já pediu aos dicastérios competentes que estudassem a possibilidade de se colocar a saudação da paz noutro momento, por exemplo antes da apresentação das oferendas ao altar. Segundo o pontífice, tal escolha não deixaria de suscitar uma significativa evocação da advertência feita pelo Senhor a propósito da necessidade de reconciliação antes de qualquer oferta a Deus.

Integrar o canto

O Papa chama ainda a atenção para a necessidade de integrar o canto na forma própria da celebração. "É necessário evitar a improvisação genérica ou a introdução de géneros musicais que não respeitem o sentido da liturgia". Embora tendo em conta as distintas orientações e tradições, Bento XVI quer que se valorize adequadamente o canto gregoriano,como canto próprio da liturgia romana. Neste último caso, a recomendação já não é válida só para os grandes encontros internacionais.

Os futuros sacerdotes deveriam ser preparados para as missas em Latim e para o canto gregoriano. Mas o Papa não descura outro aspecto estético da Igreja - a arte sacra. "Uma componente importante da arte sacra é, sem dúvida, a arquitectura das igrejas, nas quais há-de sobressair a coerência entre os elementos próprios do presbitério altar, crucifixo, sacrário, ambão, cadeira".

Um conhecimento profundo das formas que a arte sacra conseguiu produzir, ao longo dos séculos, pode ser de grande ajuda para quem tenha a responsabilidade de chamar arquitectos e artistas para comissionar-lhes obras de arte destinadas à acção litúrgica. Por isso, o pontífice considera indispensável que, na formação dos seminaristas e dos sacerdotes, se inclua, entre as disciplinas importantes, a História da Arte com especial referência aos edifícios de culto à luz das normas litúrgicas.

14.03.2007 Fonte: Jornal de Notícias

 

Data de introdução: 2007-03-14



















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