Portugal é auto-suficiente em termos de doação e uso de sangue desde o Verão do ano passado, registando-se 1.000 doações diárias, disse à Lusa o presidente do Instituto Português do Sangue (IPS), numa mensagem que chega no Dia Nacional do Dador que hoje (27 de Março) se comemora.
"Hoje em dia ninguém morre por falta de sangue, nem ninguém deixa de ter uma intervenção cirúrgica em Portugal", declarou Gabriel Olim. No entanto, ressalvou o responsável, agora é preciso "manter e aumentar as doações, porque as necessidades vão aumentando".
Em declarações à Agência Lusa, o presidente do IPS precisou que o objectivo da instituição é "criar uma reserva mínima para uma semana de consumo normal". A actual situação de auto-suficiência deve-se ao "bom trabalho" de sensibilização que resultou "numa população muito motivada", notando-se, sobretudo, a adesão de jovens e mulheres para darem sangue.
"A mensagem foi-se afirmando e hoje desfrutamos de auto- suficiência", congratulou-se. Gabriel Olim garantiu ainda que "o sangue em Portugal é dos mais seguros do mundo e de uma qualidade inexcedível". "Melhor é impossível", sublinhou o dirigente, explicando que em Portugal são respeitados todos os padrões de qualidade na recolha de sangue e usadas as mais recentes tecnologias de processamento das amostras. Também são utilizados todos os mais actuais meios de detecção de doenças infecto-contagiosas, acrescentou o responsável.
O presidente do IPS defendeu que a responsabilidade começa no próprio dador, pelo que aconselhou a auto-exclusão de indivíduos com comportamentos de risco, quer a nível sexual, quer relacionados com consumo de drogas ou de medicamentos.
Viagens para zonas de risco de endemias também são factores de exclusão de dadores, referiu o dirigente, lembrando a sua própria experiência "Depois de viajar para África estive cerca de um ano sem poder dar sangue". "A principal prioridade é respeitar a tranquilidade do doente, que recebe o sangue e que tem de confiar plenamente que está a receber sangue seguro", concluiu.
Dias diferentes
O Dia Nacional do Dador de Sangue será assinalado hoje, na Trofa, com uma homenagem aos dadores. Um marco... nacional, já que o Dia Mundial se comemora apenas a 14 de Junho, por decisão da Assembleia Mundial da Saúde. Este dia é celebrado todos os anos, para honrar e exprimir gratidão às pessoas que dão sangue e para chamar a atenção para a importância da dádiva de sangue voluntária e gratuita.
Recorde-se que foi em 1975, que a Assembleia Mundial da Saúde, reconhecendo o valor da dádiva voluntária de sangue, apelou aos Estados-Membros para que promovessem serviços nacionais de transfusão de sangue com base em dádivas voluntárias não remuneradas e promulgassem legislação para os regulamentar.
Um ano depois de ter sido alterada a lei que impedia os homossexuais de darem sangue, o fundador da associação Opus Gay revelou, ontem,que continua a receber queixas relacionadas com discriminação nas dádivas de sangue.
António Serzedelo explicou que as queixas foram apresentadas por homossexuais que viram recusada a sua intenção de doar sangue, apesar da alteração legislativa introduzida a 24 de Março de 2006. "As mentalidades não se mudam num ano, nem por lei", lamentou. "A aplicação da lei depende de onde e de quem recolhe o sangue", referiu. Para ultrapassar a situação, Serzedelo defendeu "uma educação ao nível da enfermagem comunitária".
Na véspera do Dia Nacional do Dador de Sangue, o presidente do Instituto Português de Sangue, Gabriel Olim, recordou que os dadores são todos voluntários e que os serviços fazem escolhas com base em comportamentos de riscos, quer entre homossexuais quer entre heterossexuais.
27.03.2007 Fonte: Jornal de Notícias
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