Para sermos intelectualmente honestos, temos de reconhecer que o actual Governo, com a aplicação de um conjunto de reformas estruturantes tendentes a controlar as finanças públicas, apesar de não agradar a muita gente que se vê penalizada com algumas políticas, revela lucidez e coragem, razões pelas quais, apesar de tudo, mantém a confiança da generalidade dos portugueses.
Há, porém, duas áreas da governação onde o descontentamento é muito grande e os custos sociais das reformas podem vir a comprometer a sua bondade, a saber:
- A forma como está a ser tratada a SAÚDE;
- O número demasiado alto de DESEMPREGADOS.
Sabendo nós que uma das causas para tanto desemprego é a falta de animação económica no país que resulta, por um lado, da restrição de obras públicas que implicariam mais investimento do Estado (que poderia comprometer o equilíbrio das Contas Públicas) e, por outro, na falta de capacidade ou audácia de uma boa parte dos nossos empresários, porque é que o Governo não decide fazer uma aposta no Sector Cooperativo e Social, levando a sério o PROHABITA, propondo-se acabar com o escândalo dos milhares de "casas entaipadas" que há anos e anos povoam as nossas cidades?
Porque não se coloca a Caixa Geral de Depósitos ao serviço da " reabilitação urbana" e da " humanização das cidades", abrindo uma linha de financiamento para que o Sector Cooperativo e Social tenha condições para reabilitar milhares de casas e conseguir o retorno do investimento financeiro feito na forma de milhares de casas reabilitadas, criando emprego e provando que é possível construir a custos sociais e reservar uma percentagem dessas casas reabilitadas para ir construindo um novo ciclo de equipamentos sociais geridos por REDES COMUNITÁRIAS DE VIZINHANÇA, uma espécie de Condomínios Comunitários?
Relativamente à SAÚDE: porque é que o Estado não instala de imediato em cada hospital uma "farmácia hospitalar" onde os medicamentos possam ser adquiridos a "preços sociais", onde as pessoas mais pobres, sobretudo os idosos com reformas mais baixas se podem ir abastecer? Há milhares de pessoas em Portugal que se privam de comer para comprar medicamentos dos quais depende a sua sobrevivência.
Algum político poderá dormir tranquilo, conhecendo esta realidade?
Data de introdução: 2007-06-06