A falta de recursos «tem deixado na gaveta» vários projectos do Instituto de Apoio à Criança dos Açores (IACA), que acompanha cerca duas centenas de menores. Ana Vieira adiantou que «a grande fatia» do financiamento está destinado a cobrir despesas com pessoal, restando assim «pouco dinheiro» para desenvolver outras actividades.
«Neste momento, só temos recursos financeiros regulares para as valências do IAC e, tudo o que for fora deste âmbito, não tem financiamento próprio nem regular», salientou a responsável técnica, ao alertar que, por essa razão, «estão na gaveta uma série de projectos».
Estão «parados» projectos que o IACA gostaria de concretizar junto de escolas para combate ao absentismo escolar, ligados à formação e requalificação das respostas em termos de actividade lúdica para crianças na cidade e outros em matéria de segurança para a infância, explicou.
«Temos uma série de projectos que actualmente vão estando em stand by por falta de recursos», sublinhou a coordenadora, que lembrou «não se tratar de uma situação exclusiva» do IAC, mas «com que se debatem as Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS)».
Segundo Ana Vieira, o IACA tem também falta de pessoal técnico para poder ampliar a resposta que dá a crianças e jovens.
O Instituto de Apoio à Criança dos Açores conta, actualmente, com mais de 30 colaboradores, entre técnicos superiores, ajudantes de lar e animadores de rua.
«Mas precisamos de muitos técnicos para conseguir recuperar estas crianças e jovens», disse a responsável, lembrando estar-se perante um trabalho «muito individualizado e multidisciplinar».
Além disso, avança a coordenadora, o IACA carece de uma viatura ligeira própria que serviria, por exemplo, para efectuar o giro nocturno, no âmbito da valência Animação de Rua, bem como material informático.
Ana Vieira acredita, por isso, que a campanha de angariação de fundos que a delegação dos Açores do IAC reforçou permita «mobilizar a sociedade civil» para se implicar neste tipo de causas e tentar colmatar a falta de verbas.
Depois de ter realizado um espectáculo de fados de angariação de fundos em Ponta Delgada, o IACA mantém o propósito de lançar, ao longo deste ano, «variadas iniciativas de âmbito cultural», em São Miguel e até noutras ilhas açorianas.
«Temos também tentado pedir individualmente às empresas e entidades bancárias que colaborem com o IAC», referiu Ana Vieira, para quem é necessário que este tipo de angariação de fundos seja «uma acção mais mobilizadora».
Criado há 14 anos, o IACA tem, actualmente, cinco valências em funcionamento.
Dispõe de um Centro de Acolhimento de Emergência Temporária, com 12 crianças e jovens, uma capacidade «totalmente esgotada» e que pretende dar resposta imediata a situações de menores em risco.
Nas ruas, o IACA desenvolve, ainda, um projecto de intervenção diária, através de giros diurnos e nocturnos, uma valência denominada Animação de Rua, e das mais antigas do instituto.
Actualmente, e segundo indicou Ana Vieira, existe uma média mensal de cerca de 70 crianças e jovens que já estão a ser intervencionados, na zona urbana de Ponta Delgada.
Ana Vieira admite, porém, que haverá mais casos de crianças e jovens «em situação suspeita ou de perigo na rua», mas para os quais só existem suspeitas.
No caso da linha telefónica SOS-Criança, do IACA, a coordenadora adiantou à Lusa que, desde o início do ano e até final de Maio, deram entrada 32 processos.
A instituição acompanha, ainda, um total de 40 jovens, na sua grande maioria em situação de abandono escolar, no âmbito da valência Centro de Desenvolvimento e Inclusão Juvenil, e outros 40, num centro de actividades de tempos livres.
Desenvolve, em parceria com outras instituições vários projectos, como é o caso da mediação tutelar, em que, na prática, o IACA funciona como mediador para a resolução de pequenos delitos cometidos por menores.
29.06.2007 Com Lusa
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