FARO

Novo lar de acolhimento temporário para raparigas

No início do século passado, as senhoras da elite da sociedade algarvia recebiam as raparigas abandonadas, davam-lhes ajuda e essa acçäo social deu lugar à "Protecçäo à Rapariga". A instituiçäo teve
os seus momentos áureos mas perdeu-se ao longo dos tempos. Agora vai renascer: será inaugurado em Agosto o novo Centro de Acolhimento Temporário para Jovens em Faro.

Naqueles tempos antigos, as senhoras ricas disponibilizaram uma casa, que actualmente é a sede da instituiçäo, onde as raparigas ficavam instaladas provisoriamente.

Ao mesmo tempo, as benfeitoras procuravam soluçöes para as meninas, arranjando-lhes emprego, promovendo casamentos, soluçöes de futuro.

Mais recentemente a instituiçäo evoluiu para algo completamente distinto, passando a ser um centro residencial para estudantes deslocados, com um esquema de auto-financiamento.

Uma parte das jovens podia pagar e esses valores financiavam a residência,  enquanto outras ficavam sem pagar, pois nada tinham, projecto que acabou por morrer, por dificuldades financeiras.

Um grupo de mulheres agarrou no nome da instituiçäo, relembrou a sua história inicial e fez tudo para arrancar com um projecto moderno, mas com a filosofia do início do século passado: ajudar as meninas em risco.

"Podíamos ter criado uma instituiçäo nova, mas pensámos aproveitar o carinho que existe na sociedade algarvia em relaçäo à 'Protecçäo à Rapariga'", afirmou à Lusa Filomena Rosa, presidente da instituiçäo.

A ideia partiu de várias pessoas ligadas de alguma forma ao ensino.
"As pessoas näo imaginam as situaçöes que nós vemos nas escolas. Há muitas crianças com vidas muito complicadas e isso motivou-nos a trabalhar para ajudar estas jovens", afirma.

A verdade é que em meados de Agosto väo apresentar um edifício, financiado em parte pela Segurança Social, com umas instalaçöes cuidadas, com conforto e equipamentos, havendo ainda um acompanhamento multi-facetado de técnicos das várias áreas para apoiar as jovens.

"Já há pessoas a virem aqui entregar raparigas em dificuldades, mas essa era a prática há dezenas de anos. Agora näo pode ser assim, só podemos receber meninas entregues pelas comissöes de protecçäo de menores e pelos tribunais", explica Filomena Rosa.

Chegam ao centro de acolhimento para raparigas dos 12 aos 18 anos, único no país, miúdas com as situaçöes mais variadas, desde zangas com os pais, porque fugiram de casa ou vítimas de maus-tratos por parte dos progenitores.

Este centro pretende ser temporário, no máximo por seis meses, para que todo o sistema de apoio se baseie na necessidade de encontrar soluçöes para as raparigas.

"Temos de ser um factor de mudança na vida das raparigas e näo é fácil trabalhar com meninas desta idade, têm de ser definidos objectivos de vida, têm de aprender a construir um projecto de vida", diz Filomena Rosa, frisando que se pretende que a instituiçäo "seja um marco na vida delas, mas apenas uma fase de transiçäo para algo melhor".

Na casa säo-lhes introduzidos hábitos de estudo e de trabalho, säo apoiadas na escola, têm acompanhamento psicológico, teräo computadores com Internet para desenvolverem as capacidades que todos os jovens de hoje têm e beneficiam de instalaçöes amplas e confortáveis.

O Centro de Acolhimento Temporário tem 18 quartos, que podem, se necessário, ter duas raparigas em cada divisäo.

Enquanto estiverem na instituiçäo, o objectivo é que as raparigas percebam que o melhor que têm a fazer é aproveitar os ensinamentos e ajudas que ali väo receber, porque sabem que a sua estada ali é provisória e a saída pode ter dois rumos: voltar para a situaçäo em que estavam, ou aproveitar uma oportunidade.

22.07.2007 Fonte: Lusa

 

Data de introdução: 2007-07-22



















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