O presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), padre Lino Maia, defendeu uma intervenção colectiva no combate à pobreza em Portugal, denunciando a falta de apoio às instituições de solidariedade. Reagindo ao relatório da UE, que afirma que uma em cada cinco crianças em Portugal está em risco de pobreza, o padre Lino Maia declarou à agência Lusa que as instituições de solidariedade não podem ser apoiadas como se se vivesse numa "situação normal". "As instituições sentem o agravamento da pobreza no país e têm feito um grande esforço", afirmou Lino Maia.
O responsável do CNIS defendeu uma intervenção de fundo no combate à pobreza, pela educação, e uma intervenção colectiva, que junte segurança social, escolas, autarquias e instituições de solidariedade, denunciando a falta de um "esforço de complementariedade".
Lino Maia diz não ter ficado muito surpreendido com o relatório, e explicou que a sua situação se tem "vindo a agravar, sobretudo no interior do país e na periferia de Lisboa e do Porto, onde o desemprego é uma realidade", apontando para o problema das crianças nos bairros sociais.
"É importante intervir nestes bairros, onde as condições de pobreza são mais graves", afirmou o presidente da CNIS, que concluiu: "o concentracionismo näo é uma boa política".
Lino Maia diz recear que as instituições de solidariedade estejam a ser marginalizadas, e fala de algum "desencanto" sentido pelos seus membros e responsáveis. "É preciso despertar um novo entusiasmo no combate à pobreza", afirmou.
Na opinião do presidente do CNIS, este tipo de relatórios mostram que o modelo do Estado-providência tem "os dias contados", e que a solução é evoluirmos para um "Estado solidário".
"Temos de reflectir sobre o próprio modelo social europeu, e o tratado de Lisboa é uma boa oportunidade para o fazer", concluiu Lino Maia.
Portugal é um dos oito países da União Europeia (UE) onde se registam os níveis mais elevados de pobreza nas crianças, nomeadamente nas que vivem com adultos empregados, segundo um relatório da Comissão Europeia Europeia.
24.01.2008
Data de introdução: 2008-02-25