BANCO DE TEMPO

Solidariedade entre crianças na Póvoa de Varzim

A experiência de acompanhar um colega à enfermaria, ajudá-lo nos trabalhos de casa ou substituí-lo numa fila é comum no Mini Banco de Tempo, que funciona na Póvoa de Varzim com 65 crianças entre os 9 e os 12 anos.

O projecto arrancou no ano lectivo de 2002/03, na Escola do Cego do Maio, onde continua a funcionar com turmas do quinto e do sexto anos motivadas por Manuela Campos, professora de Ciências e Matemática.

Numa agência onde a unidade de tempo é o minuto e não a hora, tudo conta, "desde ficar no lugar do colega na fila da papelaria ou levar-lhe os apontamentos a casa se estiver doente e não puder ir às aulas até ajudá-lo a arrumar a mochila ou a estudar para os testes", contou a professora Manuela Campos à agência Lusa.

"Alguns também se disponibilizam para procurar objectos perdidos ou guardar malas nos cacifos e há uma aluna com deficiência motora que pede regularmente ajuda para manobrar a cadeira de rodas", acrescentou a docente, que neste momento acompanha as actividades de "duas turmas de quinto ano e uma de sexto" no Mini Banco de Tempo.

Na perspectiva de Manuela Campos, "a troca de serviços permite que as crianças se sintam ajudadas, facilita a relação interpessoal no caso das mais tímidas e diz-lhes que todos necessitamos uns dos outros e que temos sempre algo para dar e para receber".

"Além disso, ensina-lhes conceitos novos, como o de `crédito` e `débito`, mostra-lhes como se preenche um cheque e se requisita um serviço e incute-lhes uma noção de responsabilidade perante os compromissos assumidos", sublinhou a docente da Escola do Cego do Maio.

Com as contas bem presentes, Filipa Sousa, de 11 anos, recordou à agência Lusa os "movimentos de conta" do ano lectivo passado: "Fiz cerca de 40 horas em serviços e recebi entre 25 a 30 horas de ajuda de colegas" - revelou.

Entre os serviços prestados e recebidos contam-se "acompanhar colegas à enfermaria e ficar lá até eles estarem melhores, ajudar a levar a pasta, dar explicações antes dos testes e auxiliar com os trabalhos de casa".

"Quando peço ajuda passo um cheque só que, em vez de ser em dinheiro, é em tempo", esclarece Filipa Sousa, para quem as trocas - que têm lugar entre elementos da mesma turma ou de turmas diferentes - funcionam como uma oportunidade "para ficar a conhecer outros colegas e fazer novos amigos".

"Todos precisamos de algum tipo de ajuda e a solidariedade devia fazer sempre parte da nossa vida", concluiu Filipa Sousa, no que foi secundada por Rita Fonseca, da mesma idade e sua colega no Mini Banco de Tempo.

Para Rita Fonseca, "na sociedade, quase tudo se vende e se compra com dinheiro e aqui é diferente".

Talvez por isso se imagina a "ensinar dança gratuitamente", já que ser professora nesta área é o seu sonho.

Por agora, um dos serviços que mais gosta de prestar "é fazer companhia até casa quando alguém mora longe" mas também já tem ido à enfermaria com um colega que se aleijou, ajudado a colocar as pastas pesadas nos cacifos e dado explicações antes dos testes.

"Para mim, a experiência tem sido muito interessante e permitiu-me ter mais amigos", declarou à Lusa, sublinhando a importância da vertente solidária quando "nem todos têm as mesmas posses".

Fonte: LUSA

 

Data de introdução: 2008-04-12



















editorial

O COMPROMISSO DE COOPERAÇÃO: SAÚDE

De acordo com o previsto no Compromisso de Cooperação para o Setor Social e Solidário, o Ministério da Saúde “garante que os profissionais de saúde dos agrupamentos de centros de saúde asseguram a...

Não há inqueritos válidos.

opinião

EUGÉNIO FONSECA

Imigração e desenvolvimento
As migrações não são um fenómeno novo na história global, assim como na do nosso país, desde os seus primórdios. Nem sequer se trata de uma realidade...

opinião

PAULO PEDROSO, SOCIÓLOGO, EX-MINISTRO DO TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Portugal está sem Estratégia para a Integração da Comunidade Cigana
No mês de junho Portugal foi visitado por uma delegação da Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância do Conselho da Europa, que se debruçou, sobre a...