A televisão é de longe a forma mais utilizada pelos portugueses para passar o tempo livre, enquanto o desporto e o passeio têm pouca relevância nas horas vagas dos inquiridos num estudo sobre o entretenimento e cultura. O estudo elaborado pela empresa de estudos de mercado GFK revela as actividades de entretenimento mais realizadas em Portugal e o tempo ocupado com cada uma delas. De acordo com o estudo, a principal actividade de entretenimento em Portugal nos últimos 12 meses foi ver televisão (96 por cento), com a qual os portugueses ocuparam 37 por cento do seu tempo.
Quarenta por cento dos inquiridos dedica oito por cento do seu tempo semanal a visionar filmes (DVD), enquanto a Internet ganha cada vez mais adeptos. O estudo indica que 22 por cento do tempo dos portugueses é ocupado a navegar na Internet, uma tendência cada vez maior, e apenas novo por cento é utilizado na leitura de livros.
Em declarações à Lusa, uma das autoras do estudo, Beatriz Capaz, adiantou que dos países da Europa e até da Ásia, Àfrica e América, os portugueses são "aqueles que fazem menos" em relação a actividades ao ar livre. "Somos os mais preguiçosos", afirmou Beatriz Capaz, apontando como explicação para estes resultados o facto dos portugueses serem "muito conservadores e tradicionalistas e valorizarem muito a família e a casa".
Beatriz Capaz adiantou ainda que os jovens estão a ter menos tendência para ver televisão, mas ocupam muito do seu tempo livre a jogar consola ou a ver filmes. Contactado pela agência Lusa, José Neves, do Observatório das Actividades Culturais - fundado pelo Ministério da Cultura, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e o Instituto Nacional de Estatística -, afirmou que, apesar de não conhecer o estudo detalhadamente, os resultados não o surpreendem. "Em termos de hierarquia de ocupações estão em linha com os dados que são normais", disse, acrescentando que "é sabido que a televisão e o audiovisual ocupam uma percentagem muito elevada do tempo de lazer".
"A Internet é claramente uma ocupação em ascendência e o tempo de leitura é mais reduzido", afirmou José Neves, reiterando que "não são valores estranhos" em relação a outros países, onde o tempo dedicado à leitura oscila entre os 6/7 por cento e 13 por cento.
A socióloga Sofia Aboim Inglês, do Instituto de Ciências Sociais, adiantou, por seu turno, que "os portugueses são dos povos da Europa que mais vêem televisão", uma situação que terá tendência a inverter-se com o aumento da escolaridade. Sobre as actividades ao ar livre, a socióloga lembrou um inquérito do Instituto Nacional de Estatística (INE) de 1999 que indica que a ida ao café e os passeios associados às compras são alguns ritmos do quotidiano dos portugueses, para quem as actividades com crianças e em família têm alguma importância. Por outro lado, acrescentou, os dados do INE apontavam para uma "certa falta de lazer em termos de actividades culturais", acrescentou.
A aquisição de produtos relacionados com actividades de entretenimento também são abordadas no estudo, cujo trabalho de campo decorreu de 07 a 17 de Março e envolveu uma amostra de 1.036 pessoas residentes no Continente, com mais de 15 anos, com uma distribuição proporcional à população portuguesa. A maioria dos portugueses adquire os seus produtos nas lojas da especialidade: 53 por cento dos livros, 42 por cento dos CD e MP3 e 40 por cento dos DVD. Apenas os jogos para computador ou consola (36 por cento) são adquiridos em hiper ou supermercados, indica o estudo.
Em relação ao principal destinatário das aquisições, 88 por cento dos DVD e CD comprados pelos portugueses são para os próprios, assim como 91 por cento dos livros. Apenas 20 por cento do total dos produtos são adquiridos para os filhos e 13 por cento para os cônjuges.
11.04.2008
Data de introdução: 2008-04-13