O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, defendeu que a Europa deve partilhar a sua riqueza com África, apelando aos peregrinos para ajudarem aquele continente. No final das cerimónias, uma comitiva de países africanos foi dançar junto do altar como forma de sensibilizar os peregrinos, mas D. António Marto foi mais longe e apelou aos países europeus para partilharem o seu bem-estar. "África dirige à Europa este grito: Europa partilha a tua riqueza com África, a tua irmã pobre", disse D. António Marto, na saudação final aos peregrinos.
Em particular, D. António Marto apelou à partilha "com o povo martirizado do Darfur", para onde irão as oferendas dos peregrinos nas cerimónias religiosas desta peregrinação, uma verba à qual se somará uma oferta suplementar do Santuário. No acompanhamento da eucaristia, o reitor indigitado do Santuário, Virgílio Antunes, recordou a tragédia humanitária no Sudão, apelando à generosidade dos peregrinos.
"As Nações Unidas e a comunidade internacional estão altamente preocupadas com o conflito no Darfur: morreram já 200 mil pessoas, mais de dois milhões e meio tiveram de abandonar as suas terras", disse o sacerdote. "Com este acto excepcional, respondemos a um apelo da Igreja do Sudão", até porque "cristãos, muçulmanos e outros são todos nossos irmãos", salientou Virgílio Antunes.
Quanto ao resto do Continente Africano, o reitor nomeado, que deverá suceder ao actual em Setembro, defendeu que o apoio da Europa é também uma "responsabilidade histórica", já que a maior parte das nações foram colónias exploradas pelos europeus. "A Europa deve amar a África como um irmão deve amar o seu irmão", disse o sacerdote.
Nas intenções da eucaristia, presidida pelo cardeal Saraiva Martins e concelebrada por 326 padres, 24 bispos e 45 acólitos, foi também rezada uma oração pelas "vítimas das catástrofes naturais em Myanmar e na China".
No final das cerimónias, D. António Marto elogiou, também, o papel do cardeal Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, na divulgação da mensagem mariana da Cova da Iria. "O senhor cardeal é da nossa causa e um arauto de Fátima em todo o mundo", comentou o bispo de Leiria-Fátima, perante os milhares de peregrinos.
A Família como valor essencial
O casamento estável entre um homem e uma mulher é um dos "princípios não negociáveis" para uma "correcta convivência civil e cristã", defendeu hoje o cardeal Saraiva Martins no Santuário de Fátima.
Perante milhares de peregrinos, na celebração principal da peregrinação de Maio, D. Saraiva Martins apontou vários valores essenciais, tendo destacado o "matrimónio como união estável e fiel de um homem e de uma mulher e não de qualquer outro modo".
A vida, a família, a "caridade concreta, a dignidade pessoal, estendida a todos os momentos e a todas as suas dimensões da existência" foram outros dos "princípios não negociáveis", enumerados pelo cardeal, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, que hoje presidiu à peregrinação de Maio.
"Este é o fundo e o ambiente - humano e cristão - no qual se colocam a mensagem e os acontecimentos da Cova da Iria", afirmou o cardeal aos peregrinos, que encheram o Recinto do Santuário de Fátima.
Perante os peregrinos, D. Saraiva Martins recordou que o "homem de hoje, iludido e desiludido da vida, por vezes parece ter desistido de esperar" por um futuro melhor.
Até porque "caíram as consideradas certezas das ideologias, o bem-estar e o consumismo que aparentemente satisfazem as nossas necessidades e exigências", confirmando a "sua total inconsistência" e "radical incapacidade para fazer feliz o homem do nosso tempo", considerou o purpurado.
Perante a "apostasia (abandono público) da fé" e da "razão", D. Saraiva Martins contrapõe a mensagem de Fátima que veio marcar um "século ensanguentado pela loucura de duas Guerras Mundiais, marcado por nacionalismos exasperados, por ideologias ateias e materialistas".
13.05.2008
Data de introdução: 2008-05-13