Não é fácil escrever sobre uma iniciativa como esta, quando se está tão envolvido e se vive com profundidade a sua preparação e muito especialmente o acontecimento em si. Não é fácil, até porque os sentimentos e as vivências deste período se atropelam entre si, de tal forma, que comprometem um discurso capaz de transmitir o que efectivamente foi a Chama da Solidariedade. Por outras palavras, o mesmo será dizer que a Chama não se conta: vive-se.
Oito longos dias de caminho, por mais de quatrocentos quilómetros, a Chama atravessou sete distritos e envolveu mais de vinte mil pessoas que, com entusiasmo, directa ou indirectamente a transportaram, a homenagearam e a assumiram como sinal visível do espírito de união entre os que promovem a Solidariedade, os que dela dependem e dos que a ela se associam diariamente.
A Chama da Solidariedade, na sua preparação, proporcionou o encontro entre pessoas, instituições, organismos públicos e entidades privadas, numa parceria que permitiu que chegasse à hora prevista, que se realizassem os muitos eventos dedicados à sua passagem, em ambiente de festa muito intenso e em segurança, proporcionada pela participação de Bombeiros, da Policia de Segurança Pública e da Guarda Nacional Republicana.
Foram criados cartazes, foi criado um hino próprio, que acompanhou permanentemente todo o trajecto. Um percurso que se realizou a pé, de bicicleta, de cadeira de rodas, de mota, a cavalo, de charrete, de carro, de autocarro, de camião TIR, enfim de todas as formas desejadas por quem quis ajudar a transpor cada metro, em direcção a Barcelos.
O que aparentemente parece simples, a passagem da Chama, dependeu integralmente da capacidade de organização e envolvimento regional dos que, em nome das Uniões Distritais das Instituições Particulares de Solidariedade, se empenharam nesta iniciativa. Decisivo foi também, o empenhamento da equipa de sete homens, que voluntariamente se entregaram à missão de a acompanhar do primeiro ao último minuto.
Naturalmente, oito dias, quatrocentos quilómetros, vinte mil pessoas, contêm muitas e muitas histórias, momentos particularmente tocantes para quem os viveu e, apesar de terem sido tomadas notas durante todo o percurso, para a elaboração de um relatório que se deseja bastante completo e pormenorizado, a maioria destas histórias ficou no coração daqueles que anonimamente vivenciaram esta experiência.
O impacto desta iniciativa será, naturalmente, medido pela avaliação de cada um, tenha sido ou não tocado directamente por esta experiência. É de alguma forma surpreendente a enorme quantidade de referências existentes na internet, a maior parte dos sites das Autarquias atravessadas, fez a sua divulgação, o mesmo aconteceu com a imprensa e rádios locais, bem como documentação variada com origens completamente inesperadas.
Encontramo-nos agora em processo de avaliação, durante o mês de Outubro. O grupo que preparou a Chama da Solidariedade irá reunir-se, analisar o relatório (Diário de viagem), a fim de produzir documento de orientação para novas iniciativas. É nosso objectivo melhorar e potenciar esta iniciativa.
Serão ainda produzidos, um pequeno filme e brochura, com contos e imagens recolhidos durante todo o percurso.
Estou convencido de que após esta experiência, é vontade de todos mantê-la associada à Festa da Solidariedade. Nesse sentido, há que manter acesa a Chama que como se canta no hino - “a que mais brilha é a Solidária”.
* Dirigente da CNIS, Coordenador da CHAMA DA SOLIDARIEDADE
Não há inqueritos válidos.