Há sempre lugar para (+1)...

Na sua sabedoria popular, e habituado aos maus momentos que, ciclicamente, lhe batem à porta em tempos de crise, o bom e solidário povo responde à ameaça de “vacas magras” com uma frase que define bem a alma desse mesmo povo, a saber: “ há sempre lugar para mais um”.
Ainda no rescaldo de um orçamento de Estado que parte do suposto que vêm aí tempos difíceis… é tempo de recriar e aprofundar expressões de solidariedade e partilha entre quem pode um bocadinho mais para repartir com quem ficar condenado a viver com muito tempo, sobretudo se ficar desempregado e ter de se sujeitar a entregar tudo o que ganha para pagar dívidas que contraiu!

Portugal habituou-se a viver, nos últimos anos, acima das suas possibilidades, adoptando estilos de vida para os quais não tem suporte financeiro. E quem tem passado pela experiência de ter de se habituar a renunciar a comodidades e alguns confortos que, apesar de não se considerarem “luxo”, são efectivamente supérfluos…, diz que não é nada fácil, sobretudo se tem filhos a quem criou hábitos de uma vida de mais bem estar social, desabituar-se da “vida boa”.
Porém, é tempo de procurar o “lado bom” das pessoas, famílias e comunidades humanas e apostar cada vez mais na missão de “mediadores de solidariedade”, de forma a podermos alargar o conceito de “parentesco de sangue” a uma nova categoria de consanguinidade: a “dignidade humana” que faz de todos nós caminhantes errantes à busca da terra prometida da prosperidade!
O nosso voto de Natal deste ano e os desejos de Bom ano Novo para 2009 deverão significar um compromisso humano e solidário de oferecermos as nossas casas e as nossas Instituições a (+ 1). Não deixemos ninguém à porta, sem o acolhermos!
Aliás, o Menino Jesus fez-se Homem para nos chamar a atenção para o valor da HUMANIDADE, da HUMANIZAÇÃO do MUNDO!

Apraz-me aqui registar o apreço com que tenho acompanhado várias declarações junto da comunicação social produzidas pelo nosso atento presidente da CNIS, o padre Lino Maia, insistindo na resposta que as IPSS, apesar das suas muitas dificuldades, têm dado e continuarão a dar a pessoas e famílias carregadas de problemas sociais. Esta pedagogia de termos sempre lugar para (+1), constituirá para a sociedade portuguesa um estímulo e um contributo credível para a afirmação da “civilização do amor”.
Está provado que não é dos ricos que podemos esperar a ajuda para os pobres. Ao contrário…até parece que vão ter de ser os pobres a ter de ir em auxílio dos ricos no “sarilho” de bancarrotas e endividamentos em que se meteram e acabarão por nos meter a nós todos!
Repartir é uma forma de multiplicar.
Alicerçar um projecto de sociedade nesta filosofia poderá significar a diferença entre alimentar o TER ou o SER !
Decididamente, o “lado bom” está do lado do SER e é neste sentido que as IPSS deverão continuar a sua pedagogia e prática da SOLIDARIEDADE.

 

Data de introdução: 2008-12-05



















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