Está em marcha uma campanha de solidariedade para com as crianças palestinianas denominada "Tenho um caderno igual ao teu". Foi lançada conjuntamente pelo Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e pela Câmara Municipal de Beja e pretende alertar os portugueses para as dificuldades educativas naquele território.
Sandra Benfica, do CPPC, explicou que a campanha visa "consciencializar as pessoas para as dificuldades das crianças" palestinianas no acesso à educação. "A situação é cada vez mais dramática e a maior parte das escolas estão destruídas ou bombardeadas, além de outras estarem ocupadas pelo exército de Israel. Há milhares de crianças que estão a viver em condições de guerra e que nem podem ir à escola aprender".
Segundo Sandra Benfica, é esta "realidade assustadora" que deve ser divulgada, pretendendo a campanha, de forma simbólica, levar os portugueses a criar "um laço afectivo com as crianças da Palestina".
O desafio consiste em que cada pessoa adquira dois cadernos escolares, denominados "Tenho um caderno igual ao teu", guardando um deles para si própria ou para os filhos e entregando o outro no posto de venda, para posterior envio para a Palestina.
"Mandámos fazer dez mil exemplares desses cadernos, muito coloridos, com a capa em português e a contracapa em árabe. Cada um custa um euro e, no exemplar que vai ser enviado a uma criança palestiniana, quem quiser pode fazer um desenho ou escrever uma mensagem", explicou.
Dependendo do desenrolar da campanha, o CPPC pode mesmo vir a mandar fazer mais cadernos, nos quais se pode também ler a letra da "Canção dos Abraços", do Sérgio Godinho, traduzida em árabe.
"Além do cantor Sérgio Godinho, que cedeu a letra dessa canção para os cadernos, a actriz Maria do Céu Guerra vai dar voz a um spot publicitário", acrescentou Sandra Benfica, sublinhando que, através desta iniciativa, "podem chegar muitos abraços à Palestina".
A Casa da Cultura e a Câmara Municipal são, na cidade de Beja, os dois locais onde os cadernos se podem adquirir mas, um pouco por todo o País, o CPPC vai dispor de postos de venda, em colaboração com organizações locais.
"Aos poucos, vamos disponibilizar informação sobre os locais onde as pessoas se podem dirigir", realçou, explicando também que, previsivelmente no início do segundo trimestre do próximo ano, uma delegação do Conselho irá deslocar-se à Palestina para entregar os cadernos às crianças.
Citando dados recolhidos pela UNICEF, respeitantes a 2002, Sandra Benfica traçou um cenário "negro" da educação na Palestina, em que "perto de 250 mil crianças, com menos de 15 anos, estão privadas de ir à escola para aprender".
"No final desse ano, o sector educativo ficou totalmente paralisado, com 1.289 escolas encerradas, 197 das quais bombardeadas e, destas, 11 totalmente destruídas. Um total de 2.610 alunos foram feridos no caminho para a escola, 245 foram mortos e 116 foram presos, além de 75 professores também terem perdido a vida".
Data de introdução: 2004-10-21