Aumentam campanhas de solidariedade na Internet

A campanha "Ajudar a Marta" lançada há duas semanas no Facebook, pela família da menina de quatro anos que sofre de leucemia, registou uma adesão imediata e, só na primeira semana, mais de seis mil pessoas fizeram doação de medula. Marta já tem mais de oito mil fãs no Facebook e de todo o mundo (Austrália, Macau ou Estados Unidos) chegam mensagens de apoio aos familiares da menina. O uso de campanhas de solidariedade através da net está a crescer.

Este é o caso mais recente, e talvez o mais visível, pelo seu impacto na mobilização das pessoas, de uma campanha de solidariedade através da Internet. Mas não é o único. Nos últimos anos, a Internet, com as suas novas potencialidades de difusão rápida e global da comunicação, tornou-se também um veículo utilizado por outras campanhas de solidariedade. E a tendência deverá ser para crescer.

Outro movimento que utiliza a Internet, por exemplo, é o da Cláudia, a menina especial, que sofre de progeria, uma doença rara que produz no organismo um envelhecimento sete vezes mais rápido do que o normal. Aos dez anos, é como se tivesse 70, com todas as doenças e desgaste da idade.

Os amigos da Cláudia lançaram na Internet, nomeadamente com um blogue, uma campanha de solidariedade para que ela possa fazer tratamentos nos Estados Unidos. Na rede do Flikr, o grupo de amigos da Cláudia tem 761 membros.

Num outro registo, na sua recente campanha de solidariedade, a Cáritas também recorreu à Internet, concretamente ao YouTube, para apelar à solidariedade em favor dos mais de dois milhões de portugueses atingidos pela situação de pobreza. Com a sua capacidade de difusão imediata de informação, a Internet revela-se assim um veículo eficaz para as campanhas e os movimentos de solidariedade.

"Em Portugal, esta tendência de utilização das novas tecnologias ainda está muito no início, em relação a outros países", considera Cristina Ponte, socióloga da comunicação da Universidade Nova de Lisboa, que tem estudado este tipo de fenómenos.

No País, explica a socióloga, "nota-se sobretudo um grande fosso geracional na utilização destas novas ferramentas tecnológicas". Ou seja, explica, "os mais novos já as utilizam há mais tempo e os mais velhos só agora começam a aderir a elas".

No caso da campanha "Ajudar a Marta", o facto de ela ter sido lançada no Facebook também pode ser um dos seus ingredientes de sucesso. "É uma rede social muito intensa em que os conhecimentos se fazem através de círculos seguros", explica Cristina Ponte. As pessoas sentem uma confiança que não têm em relação aos emails, por exemplo.

Não faltam, aliás, casos de falsas campanhas de solidariedade veiculadas por emails. Quem não recebeu já mensagens de correio electrónico com pedidos desesperados para doação urgente de um qualquer tipo de sangue raro que alguém garante não estar disponível nos hospitais?

Há cerca de dois anos, foram tantas essas mensagens a circular, que o Instituto Português de Sangue acabou por ter de emitir um desmentido.

Cristina Ponte lembra uma outra situação que envolveu mensagens por email, que ocorreu também há cerca de dois anos, e que dava conta de uma criança desaparecida. A polícia desmentiu a sua veracidade. As mensagens pretendiam a difusão de vírus, ou a obtenção de endereços electrónicos de forma indirecta.

No caso de Marta, a grande adesão das pessoas ao apelo também se explica pelos próprios contornos da situação. "É uma menina de quatro anos em luta pela sobrevivência, podia ser a nossa filha, a adesão afectiva é imediata", diz Cristina Ponte. E a Internet dá uma enorme ajuda: leva-a mais longe, e a muito mais pessoas.

Fonte: Diário de Notícias (Filomena Naves)

 

Data de introdução: 2009-05-05



















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