Quinhentas crianças e mais de uma centena de recém-nascidos moçambicanos em risco esperam o apoio de "padrinhos" portugueses para a satisfação de necessidades básicas, de acordo com um apelo lançado pela organização não governamental para o desenvolvimento Helpo. Joana Lopes Clemente, coordenadora geral da Helpo, disse que o alargamento do projecto desta ONGD à província moçambicana de Cabo Delgado, com a abertura de um centro de intervenção em Pemba, em Janeiro último, fez disparar o número de crianças a necessitar de apoio.
"Diariamente chegam-nos dados e fotografias de novas crianças que se inscrevem no programa e se encontram a aguardar apoio, o que gostaríamos que acontecesse no mais curto espaço de tempo possível", disse.
Através dos programas de Apadrinhamento à Distância, a Helpo apoia actualmente mais de 3.100 crianças em 22 comunidades (18 nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, e quatro em São Tomé e Príncipe).
Além dos programas que vinha já desenvolvendo - de apoio aos estudos (13 euros mensais) e de ajuda escolar, alimentar e de saúde (21 euros/mês) -, a Helpo criou, no final de 2008, um outro programa, em resposta ao apelo lançado pela enfermeira portuguesa Eugénia Ferreira, de assistência a recém-nascidos que não podem ser amamentados pelas mães (25 euros mensais).
Eugénia Ferreira recorreu à Helpo num esforço derradeiro para não deixar morrer um projecto que visa garantir a alimentação de recém-nascidos que não podem ser amamentados pelas mães, ou porque são órfãos ou porque as mães são seropositivas, disse Joana Clemente. "O leite para os recém-nascidos é caro, além que tem que ser associado a campanhas de educação sobre as formas de esterilização e preparação", afirmou, acrescentando que a Helpo aguarda ainda resposta a um pedido de apoio dirigido à Nestlé.
Para este projecto, a Helpo alerta os padrinhos para o risco de as crianças que apoiam virem a falecer, sublinhando, contudo, a alta taxa de sucesso do programa desenvolvido por Eugénia Ferreira (nos últimos oito meses morreram creches, escolas e, mais recentemente, bibliotecas).
A Helpo - O Nosso Mundo é Humano surgiu, no final de 2006, de um processo de autonomia em relação a uma federação internacional, a CCS, com a qual trabalhava, baseando a sua actividade na "relação especial dos portugueses com África", disse Joana Clemente.
Nos últimos anos, a Helpo tem fixado estruturas no terreno, tendo actualmente três centros de intervenção a funcionar nas províncias de Nampula e Cabo Delgado, em Moçambique, e em S. Tomé.
A expansão para Cabo Delgado ocorreu no início deste ano, dando resposta aos muitos apelos de uma província com uma fraca presença de ONGD e muito isolada, adiantou.
Data de introdução: 2009-06-24