CRIANÇA

Crise económica agravou vulnerabilidade dos mais pequenos

A presidente do comité português da Unicef alertou que a crise económica agravou a vulnerabilidade das crianças porque os pais, preocupados com o sustento da família, descuram muitas vezes o apoio aos filhos. "A crise mundial veio tornar algumas crianças mais vulneráveis, vítimas do desemprego dos pais", alertou Madalena Marçal Grilo em entrevista à agência Lusa na véspera dos 20 anos da Convenção dos Direitos da Criança.

Com a atenção dos pais virada para o sustento da família, a criança "é a primeira a ser atingida", lembra por seu lado Rosa Maria Coutinho, técnica de serviço social e elo de ligação entre a Unicef e outras instituições que trabalham no terreno.

"A desmotivação das famílias vai repercutir-se muito na vida dos filhos, com a falta de apoio, negligência e, no final, com deficiências na alimentação e educação", disse a técnica.

Para Madalena Marçal Grilo, ainda há em Portugal muitas crianças que não beneficiam de um ambiente protector que lhes permita estar mais salvaguardadas contra alguns tipos de violações".

"Há muitas famílias que sozinhas não tem capacidade para tratar das crianças e precisariam de muito mais apoio do Estado para poderem desempenhar esse papel", disse.

De acordo com a responsável, em algumas situações são apenas necessárias "ajudas tão básicas" como ensinar uma mãe a gerir o orçamento de uma casa, a aprender cuidados básicos de higiene ou ter informações na área da saúde.

"Vê-se crianças muito negligenciadas ao nível da higiene", corrobora Rosa Maria Coutinho. A experiência de Rosa Maria fá-la lembrar as histórias preocupantes e cada vez mais usuais de pais adolescentes e os "muitos casos" de mulheres que suportam sozinhas todas as despesas da casa.

Rosa Maria trabalha no terreno e depara-se com realidades sempre mais duras do que as que esperava encontrar, mas o que a choca muitas vezes é sentir que "as redes de funcionalidade entre as instituições não são rápidas".

A falta de colaboração entre organismos "faz perder anos de vida a uma criança", critica a técnica de serviço social, garantindo que muitas vezes se trata de situações que poderiam ser facilmente resolvidas.

"Demora muito tempo até que as redes se articulem e consigam arranjar um projecto de vida para as crianças e este é que é o grande drama na questão da protecção das crianças", avisa.

E o resultado pode ser dramático: "o percurso da criança em vez de ir num sentido vai no sentido contrário, naquele que não é positivo para o seu desenvolvimento".

No comité português da Unicef entendem que a aplicação plena dos direitos da criança só é possível se houver um trabalho de colaboração entre os diversos sectores.

Na véspera do 20º aniversário da adopção pela ONU da Convenção sobre os Direitos da Criança, é divulgada uma edição especial do relatório da Unicef "Situação Mundial da Infância", que dá conta do impacto da convenção e os desafios que continuam por cumprir.

Sílvia Maia, da agência Lusa

 

Data de introdução: 2009-11-19



















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