Vinte e seis mulheres foram assassinadas desde o início do ano e 43 foram vítimas de tentativa de homicídio. A maioria foi morta pelos companheiros, maridos ou namorados, revelam dados do Observatório de Mulheres Assassinadas (UMAR). Na véspera do Dia Internacional para a Eliminação da Violência sobre a Mulher, que se assinala esta quarta-feira, a UMAR refere que houve ainda uma vítima mortal associada a este crime e 23 das 43 vítimas de tentativas de homicídio ficaram feridas. Em 2008 tinham sido assassinadas 43 mulheres, o número mais alto desde 2004.
Segundo os dados avançados hoje à Lusa, o número de mulheres assassinadas por aqueles que ainda eram companheiros, maridos e namorados constituem 64 por cento dos casos, sendo que 36 por cento foram vítimas dos parceiros de quem estavam já divorciadas ou separadas.
A maioria (52 por cento) das tentativas de homicídio foi igualmente praticada pelos maridos, companheiros, namorados, com quem a mulher ainda mantém relação de intimidade, enquanto 23 por cento dos casos foram cometidos por ex-maridos, ex-companheiros e ex-namorados.
Dos dados recolhidos até ao momento, não foram registadas mortes provocadas por outros membros do grupo familiar (filhos, pais e outros), ao contrário do que aconteceu em anos anteriores.
No entanto, nas tentativas de homicídio 20 por cento dos casos (nove) foram praticados por pais e filhos e cinco por cento por outros familiares.
A UMAR ressalva que, a exemplo do que aconteceu em anos anteriores, algumas destas situações podem vir a revelar-se fatais, na medida em que algumas vítimas não resistem aos ferimentos e acabam por morrer.
Relativamente à idade do agressor, mais de metade (52 por cento) dos homicidas têm entre 36 e 50 anos, com grande incidência nos homens com mais de 50 anos, que representam 16 por cento dos casos. No grupo mais jovem, entre os 18 e os 23 anos, foram registados dois casos (oito por cento), o que difere da idade das vítimas, que são, percentualmente, mais jovens.
No que se refere à idade da vítima, o maior grupo situa-se na faixa etária entre os 36 e os 50 anos (52 por cento). "No entanto, e distintamente face aos agressores, o grupo seguinte é mais jovem, sendo que sete mulheres entre os 18 e os 23 anos foram assassinadas este ano, representando 24 por cento do total das vítimas mortais", salienta a UMAR.
Destas, duas foram vítimas de namorados e outras duas de ex-namorados, "evidenciando a necessidade de uma maior atenção, mesmo no tipo de relação onde existe, em princípio, um menor compromisso entre as pessoas envolvidas
na relação de intimidade".
"Face aos dados de que dispomos dos anos anteriores, este número é, tanto do ponto de vista absoluto como relativo, um aumento importante para o qual devemos prestar mais atenção", sublinha.
"Contrariamente a algumas vozes que, levianamente, afirmam que o que está em causa é as jovens ou as mulheres saberem dizer não e recusarem este tipo de relações, os dados do Observatório mostram que jovens e menos jovens são brutalmente assassinadas, mesmo quando se distanciaram, recusaram, pediram o divórcio, separação, face aos seus parceiros nas relações de intimidade.
Crianças
Data de introdução: 2009-11-24