CONGRESSO «ENTRE O PASSADO E O FUTURO»

IPSS e especialistas debatem inovação social

Mais de 300 congressistas oriundos de instituições de solidariedade social de todo o país e de investidores sociais estiveram presentes no congresso “Entre o Passado e o Futuro”, organizado pela União Distrital das IPSS do Porto (UDIPSS-Porto) no passado dia 16 de Dezembro na Fundação Cupertino Miranda, no Porto.
O debate, cujas conclusões serão publicadas num Livro Branco, permitirá à UDIPSS-PORTO, à CNIS e suas congéneres detectar carências, fundamentar respostas e justificar eventuais propostas futuras dirigidas à tutela, adiantou Artur Borges, presidente da UDIPSS-Porto. O dirigente social identificou alguns dos problemas que mais exigem a resposta das instituições de solidariedade, como o desemprego, a saúde mental e a exclusão social. “São necessárias novas respostas sociais, uma identidade mais sólida e uma marca de qualidade na aproximação à comunidade e na melhoria dos serviços sociais prestados”, considerou. Quanto ao peso do sector social, Artur Borges deixou os seguintes números: no distrito do Porto as instituições de solidariedade social representam 15 mil trabalhadores, com uma média de 40 trabalhadores por instituição, sendo o segundo maior empregador distrital.

O presidente da UDIPSS – Porto chamou ainda a atenção para a necessidade de reestruturação de equipamentos e competências no serviço social, de forma a dar resposta às novas realidades emergentes como, por exemplo, os doentes de Alzheimer e os dependentes de apoio domiciliário. Quanto ao financiamento, o dirigente defende que os acordos de cooperação deveriam ser desenvolvidos “dentro da perspectiva que são estas as organizações que mais de perto acompanham a resposta às carências da população mais desprotegida”, disse.

Edmundo Martinho, presidente do Instituto de Segurança Social (ISS), presente na sessão de abertura, manifestou o desejo de que os novos instrumentos técnicos ao serviço da solidariedade sejam também acompanhados de progresso e inovação ao nível dos conceitos estruturantes das organizações. “A inovação é um combate que deve ser levado a cabo com uma grande capacidade analítica, devendo ser evitadas as tentações de encontrar em certos instrumentos soluções messiânicas, sobretudo se não forem acompanhadas de um rejuvenescimento da nossa própria responsabilidade”, disse. O presidente do ISS apontou novas soluções no domínio do combate à exclusão social, como o Plano de Cuidados da Saúde Mental ou os planos de reinserção dos sem-abrigo. O congresso contou com um leque variado de grupos de discussão, liderados por especialistas em diferentes áreas, sobre temas como “A inovação social e o desemprego”, “Os media e os gestores sociais”, “Plataformas colaborativas”, “Estratégias de promoção da participação do voluntariado”, entre outros.

D. Manuel Clemente procedeu à sessão de encerramento e apelou a uma maior participação dos cidadãos na sociedade. Em declarações aos jornalistas, o Bispo do Porto salientou os benefícios das instituições envolverem tantas pessoas que “crescem na boa-vontade”. Lino Maia, presidente da CNIS, também presente na sessão de encerramento, defendeu a ideia do trabalho em rede das IPSS, no sentido de melhor operacionalizar os recursos comuns. Outra das ideias deixadas pelo dirigente social foi a de que o Estado não deve querer fazer tudo, substituindo as instituições, “que tanta experiência têm no domínio do serviço social”, mas “ajudar a que estas o façam cada vez melhor”.

A actual conjuntura económica e social esteve na origem de uma das decisões mais importantes do encontro: a criação de uma “incubadora” de projectos sociais. Carlos Azevedo, da organização, explicou que esta plataforma vai funcionar como “uma rede de serviços partilhados”, aproveitando a economia de escala proporcionada pelas cerca de 370 organizações e mais de 15 mil trabalhadores que integram a UDIPSS - Porto. A dimensão da estrutura visa garantir um poder negocial que cada uma das instituições que a compõe não tem quando considerada isoladamente. A incubadora vai também possibilitar a execução de projectos comuns, como é o caso da implementação de sistemas de gestão de qualidade, da encomenda de estudos de viabilidade económico-financeira ou da angariação de fundos.


Texto: Milene Câmara

 

Data de introdução: 2010-01-06



















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