Dia Mundial dos Leprosos recorda uma estatística dramática nos países pobres e quase inexistente nos ricos.
Celebra-se hoje o Dia Mundial dos Leprosos, num Mundo com 11 milhões a sofrer desta doença. Em Portugal existem 1400 casos registados; e 21 ex-pacientes, entre os 70 e os 90 anos, que se recusam a sair daquela que foi a única leprosaria portuguesa.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, são 11 milhões de pessoas a sofrerem desta doença no mundo inteiro. Os seus estudos sobre a doença de Hansen (nome menos agressivo para lepra) acusam 250 mil novos casos por ano. A OMS referencia ainda 91 países afectados, denunciando a Índia, O Brasil, a Birmânia e o Nepal como os que totalizam 70% dos casos. Na Europa verificam-se focos desta doença em Espanha, Itália, Grécia e Turquia. Em Portugal, esta não constitui um perigo para a saúde pública. Nos países desenvolvidos é quase inexistente.
Uma doença que já tem cura
O nosso país totalizará 1400 casos registados. Segundo os dados da Direcção Geral da Saúde (DGS), Portugal verificou quatro novos casos em 2003, dois novos em 2004, sete em 2005 e 16 novos casos em 2006. O ano de 2007 contabilizou 12 novos casos e o ano de 2008 11. Um aumento que pode prender-se com movimentos migratórios. "Muitos destes novos casos são importados", avança José Pagaimo, director do Serviço de Doentes Hansenianos do Hospital Rovisco de Pais, na Tocha.
Nada de perigoso, tendo em conta que a doença, diagnosticada a tempo, é perfeitamente tratável e em ambulatório. "Desde os anos 80 que tem cura, e é tratada com antibióticos", explica José Pagaimo.
A OMS recomenda, desde 1981, uma poliquimioterapia composta por três medicamentos: a dapsona, a rifampicina e a clofazimina. Quando as lesões já existem complementa-se este tratamento com próteses, com calçado especial, com intervenção da ortopedia e até com fisioterapia. O tempo de tratamento pode variar entre seis meses a dois anos.
"Hoje é fácil de diagnosticar a lepra e tratá-la, nos países desenvolvidos. Se já houver lesão, cura-se a lesão; e a doença em si cura-se com antibióticos. Um sintoma de alerta pode ser uma mancha com uma alteração anestésica, ou seja, naquela parte do corpo não haver sensibilidade".
A lepra só é contagiosa quando é lepromatosa e se não receber tratamento. A forma lepromatosa é a forma mais severa. A mais ligeira designa-se de tuberculóide. A infecção tem início mais frequente entre os 20 e os 30 anos.
Os tempos do isolamento
Nos países desenvolvidos, já ninguém é submetido ao isolamento. Mas nem sempre foi assim. Esta foi uma doença incurável, profundamente mutiladora, estigmatizante e que forçava os pacientes ao isolamento em leprosarias.
Portugal teve um desses sítios, transformado recentemente num hospital de reabilitação, mas com um serviço para doentes de Hansen, onde ainda habitam 21 pacientes já curados, mas com as sequelas da Lepra. Têm entre 70 e 90 anos e são a memória dos tempos em que a doença desfazia vidas (ver caixa).
Hoje estamos distantes dessa realidade. Mas em alguns outros países, recorde-se, a situação continua a ser muito dramática.
Fonte: Jornal de Notícias
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