Cáritas de Setúbal aumenta atendimentos sociais em 2009

A crise económica em 2009 fez alargar a acção da Cáritas de Setúbal. “Todos os dias da semana há atendimento social e existem três técnicos de plantão”, explica Carla Carvalho, socióloga neste organismo de acção social da diocese de Setúbal, na apresentação do Observatório Social que decorreu esta Segunda-feira na sede da Cáritas diocesana.

A insuficiência de rendimentos é umas das principais causas do aumento de atendimentos sociais diocesanos, no Centro Nossa Senhora da Paz. Se em 2008 forma registados 214, o ano de 2009 conheceu 749 atendimentos. O Centro prestou, maioritariamente, apoio económico para contas de água, electricidade, telefone e gás e compra de medicamentos.

Também o atendimento social, no Centro Comunitário São Pedro, prestou, em 2009, 486 atendimentos, menos cinco que em 2008. “Esta descida acontece porque algumas pessoas que eram atendidas na área de apoio social viram a sua situação piorar e, por isso, o seu caso foi encaminhado para o Rendimento Social de Inserção (RSI), deixando de ser atendidas pela Cáritas”, explica Carla Carvalho.

Ainda nesta área, a socióloga destaca que os atendimentos sociais aumentaram, “em especial, os primeiros atendimentos”. As principais problemáticas apresentadas são “insuficiência de rendimentos” e situações de desemprego. A procura de apoio económico e o encaminhamento para o RSI são as principais respostas dadas.

No atendimento aos mais desfavorecidos, o Centro Social São Francisco Xavier atendeu 44 novos casos de pessoas seropositivas ou doentes com Sida. O projecto «Saber Viver cada Dia», inserido no atendimento aos grupos desfavorecidos, forneceu em 2009 43814 refeições, ultrapassando as 28719 do ano de 2008.

No âmbito do projecto «Tornar a Ser» destinado a pessoas sem abrigo ou passantes, o Centro Social São Francisco atendeu, em 2009, 235 pessoas, ultrapassando o número de atendimentos em 2008 – 197. A este projecto acorrem essencialmente homens, com problemas de alcoolismo, patologias mentais ou em situação de sem-abrigo. A socióloga Carla Carvalho adianta que existe um aumento de procura nas faixas mais novas – dos 25 aos 45 anos.

Na área da juventude, a Cáritas de Setúbal destaca também um aumento no atendimento a mães adolescentes “em especial nas faixas etárias mais baixas”. Dentro desta área, no ano de 2009 registou-se “um aumento de mães brasileiras” que apresentam problemas relacionados com a ilegalidade e a insuficiência de rendimentos.

A área educacional e formativa, no Centro Nossa Senhora da Paz, apresentou no ano lectivo de 2008-2009 mais 33 alunos do que no ano anterior. Segundo dados apresentados no Observatório Social, são alunos essencialmente do primeiro ciclo, maioritariamente rapazes, de etnia cigana, na faixa dos 15 aos 18 anos.

O apoio aos idosos registou também um aumento, apesar de menor. Em 2009 foram atendidos, nas valências de Centro de Dia e Apoio Domiciliário, mais 26 utentes do que em 2008. Este número deve-se “à saída de pessoas dos nossos equipamentos para dar entrada num lar”, salienta Carla Carvalho. A valência acorrem maioritariamente mulheres, na faixa dos 61 aos 70 anos.

No Centro de Acolhimento para a infância o principal factor de admissão é a negligência. Em 2009 foram acolhidas 23 crianças, 61% por motivos de negligência.

A Cáritas de Setúbal indica ainda que os dados fornecidos não estão completos, uma vez que “não há dados das 57 paróquias”, explica Eugénio Fonseca, Presidente deste organismo diocesano. Outro dado que fica ainda por quantificar é relativo às pessoas que “ficaram por atender”, ou seja, às quais a Cáritas não conseguiu dar resposta.

Números estatísticos longe da realidade
Eugénio Fonseca avança ainda que “a pobreza envergonhada tem números astronómicos” e que também os dados de desemprego em Portugal “estão longe da realidade porque muitos desiludidos com o sistema nem estão inscritos nos Centros de Emprego”.

Eugénio Fonseca afirma que os problemas sociais com os quais a Cáritas de Setúbal se confronta “serão resolvidos quando as pessoas encontrarem trabalho”. O problema, alerta, “é para as pessoas que estão em idade difícil - novas para a reforma, velhas para lhes darem trabalho”.

Por este motivo, a Cáritas de Setúbal, ao abrigo do projecto País Solidário, da responsabilidade da Fundação Calouste Gulbenkien e da Cruz Vermelha Portuguesa, apostou em apoios que possibilitassem a criação de auto emprego.

Segundo dados avançados pela Cáritas de Setúbal, foram apoiados, no âmbito do projecto País Solidário, 45 agregados familiares e 141 indivíduos. Este projecto terminou a 31 de Dezembro e incidia em quatro áreas identificadas como de maior precariedade: Grande Porto, Vale do Ave, Municípios do Tâmega e Península de Setúbal.

Agência Ecclesia

 

Data de introdução: 2010-02-25



















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