Esta terça-feira (25 Maio), assinala-se o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas. Das 193 participações recebidas no ano passado, a PJ indica que 53 foram na área de Lisboa. A taxa de recuperação tem sido de 100%.
O papel das novas tecnologias como veículo de conteúdos pedófilos mas também como arma na busca de crianças desaparecidas é o tema central da IV Conferência Europeia sobre Crianças Desaparecidas e Exploradas Sexualmente, que decorre hoje terça-feira.
A iniciativa é do Instituto de Apoio à Criança (IAC), organização que faz parte da Federação Europeia das Crianças Desaparecidas e Exploradas Sexualmente (FECDES), para assinalar o Dia Internacional das Crianças Desaparecidas.
Lisboa com um terço dos casos
Segundo os dados oficiais da PJ, há dois casos pendentes em Setúbal e sete na região Norte, mas de acordo com a Directoria do Porto os sete casos inscritos ainda no sistema informático reportam-se a situações de litígio sobre o poder paternal, não se tratando de "desaparecimento formal", referiu o director da Unidade de Informação de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (PJ), Ramos Caniço.
Os dados referem-se a crianças até aos 12 anos. "Lisboa é a região que tem mais desaparecimentos (mais de um terço), mas recuperou 100% e é isso que tem vindo a verificar-se em todos os departamentos do país", assegurou.
Além da PJ, também a PSP e a GNR recebem e investigam queixas de desaparecimentos, logo os números poderão ser mais elevados, admitiu este responsável à Agência Lusa.
Desaparecimentos não são raptos
Apesar de serem frequentemente somados, os desaparecimentos não podem ser confundidos com sequestros ou raptos, advertiu: "O desaparecimento não é um crime. É a quebra da rotina normal de uma determinada pessoa, ou por vontade própria ou por acidente".
Logo, a estatística deve ser separada, tal como o é a investigação. "Quando as pessoas desaparecem fruto da actuação de terceiros que consiste na prática de um crime, como o tráfico de pessoas, o rapto ou sequestro ou até mesmo homicídio, aí não temos um desaparecido, temos a vítima de um crime", explicou.
Redes sociais: ajuda ou perigo?
As situações são diferentes mas indetectáveis nas redes sociais. No caso de um desaparecimento "quanto mais olhos estiverem à procura melhor", mas tratando-se de rapto ou sequestro o simples gesto de reencaminhar e-mails e fotografias pode pôr em risco a vítima.
A divulgação de demasiada informação pode colocar a vítima em "sérios riscos", incluindo o risco de vida. "O sequestrador pode passar para um patamar superior de violência", alertou Ramos Caniço.
"Posso deixar de ter um sequestro e passar a ter um homicídio", advertiu, acrescentando que quem reencaminha as mais variadas mensagens com crianças alegadamente desaparecidas "não tem a mínima ideia" se está perante um desaparecimento, um crime ou uma brincadeira de mau gosto.
"Tenho dois casos em que centenas de mails foram transmitidos através da Internet em Portugal com fotografias de uma criança que nem sequer eles (autores do e-mail) sabiam quem era", contou.
"Isto é o perigo que pode encerrar a Internet se acreditarmos em tudo o que lá vem. Depois de se transmitir a primeira vez, gera-se o efeito bola de neve e as pessoas retransmitem e retransmitem sem averiguar se é verdade ou mentira", concluiu.
Fonte: Jornal de Notícias
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