Muito para além da música, o violoncelo ou o contrabaixo tornam-se instrumentos de inclusão social no projecto Orquestra Geração, que envolve mais de 500 alunos e, em breve, somará, em Lisboa e Mirandela, mais três orquestras às 11 já em funcionamento no país.
Centrada na Área Metropolitana de Lisboa, à excepção de Amarante, no distrito do Porto, mas como o objectivo mais ambicioso de se estender a todo o país, a Orquestra Geração visa integrar os alunos de escolas que estão em zonas problemáticas e que têm níveis elevados de insucesso.
Inspirado no Programa de Orquestras Sinfónicas Infantis e Juvenis da Venezuela, cujo expoente máximo é a Orquestra Simón Bolívar, o projecto vem crescendo desde 2007. Tem apoio do Governo, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Escola de Música do Conservatório Nacional, de câmaras, programas comunitários e patrocinadores privados. A Orquestra Geração nasceu de acções desenvolvidas no Casal da Boba, na Amadora. Depois, surgiram mais duas orquestras: a de Vialonga (Vila Franca de Xira) e a do Casal da Mira (Amadora).
Em suma, funcionam três na Amadora, três em Loures, uma em Sintra, uma em Sesimbra, uma em Vila Franca de Xira, outra em Oeiras e, ainda, em Amarante. No próximo ano lectivo, haverá mais duas do concelho de Lisboa e uma de Mirandela (Trás-os-Montes). Em breve, os alunos serão mais de 600. E alguns já participam no coro, que está a dar os primeiros passos.
António Wagner Diniz, adjunto da direcção para este projecto e ex-director do Conservatório Nacional, conta que o Ministério da Educação nomeou uma comissão para estudar “o alargamento da experiência a todo o país”. Questionado pelo JN sobre a filosofia da Orquestra Geração, Wagner Diniz fala de “um projecto eminentemente social”, dirigido a quem não tem acesso à educação artística. Através desta, pretende-se “habituar os miúdos a conviver com os outros”, mesmo que sejam de bairros diferentes ou de comunidades rivais. Os participantes são alunos do 1º ao 8º ano. No palco, dividem-se em três grupos. O mais experiente é a Orquestra A. Entretanto, chegam professores da Venezuela para formar alunos e formadores portugueses.
“É sobretudo um projecto de educação pela música”, resume Luísa Valle, responsável pelo projecto na Gulbenkian. Questionada sobre a aposta em bairros problemáticos, explicou que o projecto envolve escolas com níveis elevados de insucesso e “traz um conjunto de valores” como “a disciplina, a pontualidade, a persistência, o respeito pelos outros e o trabalho em grupo”. Apesar da música ser um meio e não um fim, foi por esta via encontrada uma dezena de talentos, que já frequentam, gratuitamente, o Conservatório Nacional.
Fonte: Jornal de Notícias
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