No ano passado, 3438 crianças foram retiradas aos pais e entregues à família alargada. Um terço destes menores têm entre 0 e 5 anos, e os "avós constituem um recurso bastante utilizado quando os pais não têm condições", explicou ao DN Armando Leandro, presidente da Comissão Nacional de Protecção de Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR).
Aquele dirigente salienta, no entanto, que as comissões tudo fazem para apoiar os pais de forma a garantir-lhes condições para criarem os filhos. E, em 22 229 casos analisados, as crianças ficaram com os progenitores. "As medidas de apoio junto dos pais são em número bastante superior às medidas de apoio junto dos avós, mas estes representam um número considerável", acrescentou, referindo não ser possível dizer o número exacto.
Os menores entregues a outros familiares que não os pais representaram 13,3% dos que permanecem no seio familiar (25 667). E 2700 acabaram por ser levados para instituições ou entregues a outras famílias.
Entre os 3438 entregues à família alargada, 31,7% pertencem ao grupo etário dos 0 aos 5 anos; 21,1% têm entre 11 e 14 anos, e 25,1%, entre 6 e 10 anos.
Armando Leandro foi um dos participantes no congresso "A voz dos Avós: migração e património", que ontem teve início na Fundação Pro Dignitate, em Lisboa, dia em que se assinalou o Dia Mundial dos Avós. O encontro termina amanhã.
Em declarações à Lusa, o juiz conselheiro Armando Leandro sublinhou que, ao permanecerem com os avós, as crianças em situação de risco ficam a ganhar porque estão num ambiente familiar que lhes garante crescerem "sem afastar a afectividade dos pais". E sublinha: "Os avós são pessoas a quem o sistema atribuiu um papel importante".
A presidente da Pro Dignitate, Maria Barroso, lembrou a importância dos avós, que "são portadores de uma experiência muito grande e de uma carga de afecto muito importante para as crianças".
Sem esquecer que os "tempos mudaram" e "os contextos de hoje são diferentes", Maria Barroso acredita que "os avós são sempre um pilar muito importante na casa" e que muitas vezes "substituem os pais na educação, formação e ternura que as crianças precisam para se formarem".
Tanto Maria Barroso como Armando Leandro são avós, papel que a presidente da Pro Dignitate reconhece nem sempre exercer como gostaria. Em declarações à Lusa, Maria Barroso reconheceu que, por estar "sempre muito ocupada", por vezes não dá "o tempo que devia dar" aos cinco netos.
Para o presidente da CNPCJR, as sete netas mantém-no em permanente actualização. São uma "aprendizagem contínua", disse Armando Leandro à Lusa.
Fonte: Diário de Notícias
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