Após o fecho da extensão de saúde e agora, ao que tudo indica, o encerramento da escola, o responsáveis do Centro Social de Durrães, em Barcelos, dizem que com estes factos “está em causa a continuidade do funcionamento da IPSS”.
O Centro Social de Durrães pode vir a fechar portas em Setembro, altura em que seria mais natural que as abrisse para novo ano escolar. A indefinição decorre da falta de respostas do Estado e da autarquia local que colocam em risco a continuidade de um serviço que é apontado pelos utentes como “exemplar”.
No que diz respeito aos apoios financeiros, José Maciel, presidente da instituição, queixa-se das “burocracias”, dos “despachos e mais despachos, com prazos de resposta curtos e dos quais não obtemos respostas. A instituição pode ter que vir a parar em Setembro”, explica, ao mesmo tempo que denuncia a possibilidade de cancelamento do apoio financeiro da Câmara de Barcelos para a alimentação.
“Com a transferência desse serviço para empresas privadas, que não reúnem o mesmo tipo de qualidade alimentar a troco de 1,46 euros, a autarquia ameaça com o cancelamento do apoio, como se de um capricho pessoal estivéssemos a falar”, destacou José Maciel.
O Centro Social de Durrães, com 21 colaboradores ao seu serviço, assegura o bem estar de 87 crianças e 35 idosos. “A instituição surgiu há 11 anos, para dar apoio, após termos verificado que não havia qualquer resposta às famílias de Durrães”, explica o presidente da instituição. Perante o re-ordenamento que o concelho de Barcelos está a atravessar, que se estende do ensino à saúde, José Maciel afirmou que esta situação está a colocar em causa o futuro do Centro Social.
“Estas reformas são feitas por pessoas que não conhecem a realidade no terreno e colocam em causa todo um trabalho de anos”, referiu o presidente do centro social, para quem o fecho de determinados serviços pela “modernização” apresentam muitas dúvidas. “O que interessa a modernização dos serviços se os mesmos só fazem sentido para as pessoas, perto das pessoas e facilitadores das suas vidas? O que interessa a rentabilização dos serviços e estruturas, se aumentam as dificuldades de acesso a estes mesmos serviços e os custos a elas inerentes?”, questionou José Maciel, para quem o encerramento da escola vai obrigar as crianças de Durrães passarem mais tempo fora de casa.
“Nós até temos um autocarro, mas está parado porque tem muitos anos e não reúne condições de segurança. Já pedimos apoio ao Estado para um novo, mas até hoje não obtivemos resposta”, lamentou. No que diz respeito ao serviço para idosos, o Centro Social de Durrães não consegue dar resposta face ao desaparecimento da extensão de saúde local. “Eram 750 utentes inscritos a quem dávamos resposta ao assumir transporte e cuidados de saúde. Com o fecho da unidade de saúde de Durrães já não será possível, dada a distância para o posto de saúde da Gandra. Não temos recursos físicos e humanos para manter o anterior serviço”, lamentou José Maciel.
Abordado pelo JN, o presidente da Câmara Municipal de Barcelos começou por dizer que o problema ainda não foi apresentado à autarquia, mas, em relação ao parque escolar afirmou que as instituições têm que se adaptar. Numa mensagem com alcance mais vasto, Miguel Costa Gomes começou por defender que “é preciso que algumas instituições reflictam um pouco e que deixem de ser subsídio-dependentes. Este é um dos grandes males do passado, pois muitas instituições avançaram com grandes projectos que não podem ser suportados, nas situações difíceis que neste momento o concelho e país estão atravessar”, começou por referir Miguel Costa Gomes. No entanto, e centrando-se no caso concreto de Durrães, adiantou que acredita que os pais daquela freguesia “querem o melhor para os seus filhos e que a autarquia nunca vai pôr qualquer interesse público ou privado à frente dos interesses das crianças”.
O autarca adiantou ainda que a renovação do parque escolar do município vai continuar, pois a Câmara de Barcelos, em parceria com a DREN, quer ver as escolas rejuvenescidas e modernizadas, apesar da adversidade que daí possa vir e de admitir que o serviço público futuro não terá total capacidade para absorver todas as crianças do concelho.
Fonte: Jornal de Notícias
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