Empossado o novo Governo, liderado pelo social-democrata Pedro Passos Coelho, são grandes as expectativas de todos quanto ao trabalho a desenvolver pelo Executivo mais pequeno que Portugal já conheceu desde a Revolução de Abril de 1974. “Sobre o conjunto do Governo não me pronuncio”, começou por referir, ao SOLIDARIEDADE, o padre Lino Maia, acrescentando: “É um Governo legítimo e estou absolutamente convencido que o senhor primeiro-ministro procurou fazer uma equipa coesa e ágil, que me parece ser até pela idade dos seus membros e pelas pessoas em causa, que atenda, de facto, àquilo que é prioritário e que assuma um programa e um método de acção”.
Sobre o ministério e o novo ministro com o qual a CNIS, habitualmente, mais desenvolve a sua acção e com o qual manterá o essencial das suas negociações, o agora designado Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, pasta ocupada pelo democrata-cristão Pedro Mota Soares, o presidente da CNIS diz-se bastante satisfeito e “confiante no ambiente de cooperação” que se estabelecerá.
“Fiquei particularmente contente com a designação do doutor Pedro Mota Soares para ministro da Solidariedade e Segurança Social, o ministério dos três «S»…”, sustenta, frisando: “Eu não escolheria melhor!”.
Sobre Pedro Mota Soares, que ainda antes das eleições manteve algumas conversas com o presidente da CNIS quando negociava em nome do CDS-PP com os emissários da «Troika» (FMI, BCE e CE), o padre Lino Maia revela: “É uma pessoa que conheço pessoalmente e que aprecio muito. Estou convencidíssimo que procurará fazer um bom trabalho como ministro. Devo dizer que fiquei particularmente feliz com esta nomeação”.
Neste sentido, o líder da CNIS está convencido que “no futuro a relação do Governo com as IPSS vai melhorar significativamente”.
Relativamente a Paulo Macedo, o novo ministro da Saúde, outra área intimamente ligada à actividade das IPSS, o padre Lino Maia mostra-se igualmente esperançado no futuro, pois o novo ocupante do ministério dá garantias “pelo trabalho todo que já desenvolveu e pelo historial que tem”.
“A pasta da Saúde é de extrema importância e, neste momento, é capaz de ser a pasta que exige uma maior atenção, olhando-se a custos e a despesas”, começa por referir o presidente da CNIS, ao que acrescenta: “Espero que ele não ponha em causa, e penso que não porá, o Serviço Nacional de Saúde [SNS]… Agora, é preciso que haja sustentabilidade no Ministério da Saúde e penso que vai ser o grande esforço dele. Há um caminho feito, mas ainda há um caminho para percorrer e, por isso, considero que não devemos fazer dogmas com muita celeridade. No futuro, até para o SNS ser sustentável, temos de saber distinguir entre universalidade e gratuitidade. Temos que começar a associar outros termos, como universalidade e solidariedade. E penso que vai ser esta a opção do novo ministro”.
Já relativamente à escolha de Pedro Passos Coelho em associar a pasta do Emprego à da Economia, contrariando a prática tradicional da maioria dos governos anteriores de o associar à pasta da Segurança Social, o padre Lino Maia considera ser “uma opção”.
“Sinceramente, não tenho dados para poder afirmar se é ou não mais conveniente estar ligado à Economia ou à Segurança Social… É uma opção discutível, mas acho que é apenas uma questão de opção”.
Perfil dos novos ministros
Ministro da Solidariedade e Segurança Social
Luís Pedro Russo da Mota Soares, nascido em 1974, é licenciado em Direito, Pós-graduado em Direito do Trabalho, sendo advogado e assistente universitário. Deputado nas Legislaturas de 1999-2002, 2005-2009 e 2009-2011, foi líder do Grupo Parlamentar do CDS/PP entre 2009 e 2011 e coordenador da Comissão de Trabalho, Segurança Social e Administração Pública. Na Assembleia da República, foi membro da Comissão Eventual de Revisão Constitucional, em 2005, e foi membro, entre 2009 e 2011, da Comissão Parlamentar de Trabalho e Segurança Social e vice-presidente da Comissão de Ética, Sociedade e Cultura. Partidariamente já desempenhou as funções de secretário-geral do CDS-PP, sendo actualmente vice-presidente do CDS-PP. porta-voz da Comissão Executiva. No passado, foi presidente da Juventude Popular e vice-presidente dos Jovens Conservadores Europeus. Pedro Mota Soares, como é conhecido nos meios políticos tem duas obras publicadas como co-autor: «O Novo Código do Trabalho» (2009) e «O Novo Código do Trabalho», anotado e comentado (2009).
Ministro da Saúde
Paulo Macedo, nascido em Lisboa em 1963, é licenciado em Organização e Gestão de Empresas e pós-graduado em Gestão Fiscal e foi o homem forte da Direcção-Geral dos Impostos (DGCI), entre 2004 e 2007. Depois, exerceu o cargo de vice-presidente do Conselho de Administração executivo do Millennium BCP, vogal do Supervisory Board da Euronext, vice-presidente da Comissão Executiva do agrupamento de Alumni da AESE - Associação de Estudos Superiores de Empresa e ainda membro do Conselho da Escola do Instituto Superior de Economia e Gestão.
Entre 2001 e 2004 foi administrador da Companhia Portuguesa de Seguros de Saúde, S.A. (Médis). Profissionalmente, passou ainda pelo Banco Comercial Português (entre 1993 a 1998 e, mais recentemente, entre 2007 e 2008, como director-geral).
P.V.O.
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