As denúncias de violência doméstica contra idosos têm vindo a aumentar numa proporção muito maior do que as de violência conjugal no Distrito de Bragança, tendo disparado nos primeiros meses do ano, segundo dados divulgados.
A violência contra idosos "não é tanto física, mas de negligência, usurpação de bens contra a vontade do idoso, abandono, isolamento e violência psicológica, que é um meio para conseguir alguns fins, sobretudo de filhos para pais ou noras e genros para sogros". Esta é a realidade que tem chegado ao Núcleo de Atendimento de Vítimas de Violência Doméstica (NAVVD), segundo a responsável Teresa Fernandes.
De acordo com a mesma responsável, o núcleo - que abrange todo o Distrito de Bragança - "registou em Janeiro e Fevereiro um aumento de 50 por cento de denúncias" e, embora sem avançar números, garantiu que "a tendência de aumento se mantém" em relação a 2010, ano em que chegaram a este organismo 132 casos. "O que temos vindo a notar é a violência contra idosos e também violência no namoro que tem aumentando em proporção muito maior que a violência conjugal", disse, relacionando o agravamento da situação com a crise social e económica, que, segundo ressalvou não origina os problemas mas "vem piorar aquilo que já existe de mau".
Os consumos de bebidas alcoólicas, de substâncias, a fraca resistência à frustração com o desemprego, as baixas condições económicas e a existência de patologias são outros factores apontados pela técnica para o quadro de violência.
Teresa Fernandes acredita que para o aumento do número de denúncias tem contribuído o trabalho de informação e sensibilização que leva as vítimas a não se calarem.
A responsável pelo núcleo falava numa acção com o propósito de sensibilizar para esta problemática, uma marcha pela igualdade em Bragança, organizada pelo projecto "Convergências" da Associação Famílias, sedeada em Braga, mas com um âmbito nacional.
Durante dez minutos, a marcha percorreu o centro da cidade e esta é uma "maneira de dar nas vista", segundo Benedita Aguiar, e sensibilizar a comunidade para estas temáticas. "Chama a atenção das pessoas por onde passamos com as t-shirts brancas e que vão ter curiosidade em ler as mensagens, eventualmente interpelarmos para saber qual o motivo da marcha", considerou.
As t-shirts que os participantes vestiam foram desenhadas por estilistas portugueses que se juntaram desta forma à causa do projecto que realizou há um mês uma marcha idêntica em Braga e pretende replicar a iniciativa noutros concelhos.
Em Bragança a adesão foi fraca, mas a organização não deixou de contar com o apoio dos tradicionais "caretos", os mascarados das festas dos rapazes que animaram a marcha com o colorido das vestes e os ruídos chocalhos.
Data de introdução: 2011-07-07