CENTRO SOCIAL DA PARÓQUIA DE COVAS

O sonho precisa da ajuda de todos

Incrustada num dos muitos montes que rodeiam Vila Verde, a freguesia de Covas, tal como muitas outras vizinhas, sofre dos problemas comuns às zonas rurais e vítimas da desertificação, o envelhecimento e o isolamento da sua população. Incapazes, muitas vezes, de fazerem a sua vida quotidiana de forma autónoma, essas pessoas necessitam da ajuda de terceiros para que continuem a ter uma vivência com dignidade.

A necessidade urgente de valer as situações problemáticas da população a nível social, pois muitas pessoas precisavam realmente de ajuda, bem como a capacidade de ter infra-estruturas para acolher e para exercer condignamente a sua missão de auxílio, fez nascer, a 31 de Outubro de 1990, o Centro Social da Paróquia de Covas, pelas mãos do pároco Manuel Viana.
A instituição ficou instalada na Casa Paroquial, onde funciona há 21 anos, mas sem as condições necessárias para prestar o apoio que deseja e dando as condições de trabalho aos funcionários que estes precisam e merecem.

Actualmente, o Centro Social da Paróquia de Covas presta Apoio Domiciliário Integrado a 45 utentes, cobrindo a área de seis freguesias do concelho de Vila Verde, fornecendo ainda alimentação, desde 1996, a 12 crianças que frequentam um jardim-de-infância de Covas.
Quando arrancou em 1990, o Centro Social apoiava utentes apenas nas freguesias de Covas e de Portela de Vade, estendendo esse apoio, em 1993, às freguesias vizinhas de Valões, Codeceda, Penascais, Atães e Barros.

“Percorremos bastantes quilómetros diariamente, porque servimos seis freguesias na zona Norte do concelho de Vila Verde, onde, por vezes, os acessos não são muito fáceis, o que, ao mesmo tempo, faz despender bastante dinheiro com as carrinhas e com o seu desgaste, como ainda em termos de recursos humanos para atender dignamente as pessoas”, refere o padre Henrique Ribeiro, actual pároco de Covas e, por inerência, presidente da instituição.
Quando arrancou com a sua acção social na região, o Centro Social da Paróquia de Covas tinha, para além do Serviço de Apoio Domiciliário Integrado (SADI), uma valência de ATL, que chegou a ser frequentado por 25 crianças, ao que se juntava ainda o apoio alimentar a 10 crianças do jardim-de-infância. Entretanto, o ATL fechou, ficando apenas o SADI e o apoio alimentar ao jardim-de-infância.

O grande sonho dos dirigentes da instituição, e igualmente das pessoas abrangidas pela actividade da mesma, é que as instalações onde funciona actualmente o Centro Social possam ser melhoradas e ampliadas.
“Temos um projecto para apresentar ao PRODER, mas as candidaturas ainda não abriram. Estávamos à espera que fosse agora, mas ainda não temos resposta da instituição que vai estar à frente desse processo de candidatura, apesar de já terem falado connosco e nos terem dito que vão abrir em breve… Estamos a tratar de tudo para podermos meter o projecto, a fim de conseguirmos as condições devidas para servir melhor aqueles que precisam de nós”, revela o pároco de Covas, revelando os grandes objectivos que pretendem cumprir: “Contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas e famílias; prevenir situações de dependência e promover a autonomia; prestar cuidados de ordem física e apoio psicossocial aos utentes e famílias, de modo a contribuir para o seu equilíbrio e bem-estar; apoiar os utentes e famílias na satisfação das necessidades básicas e actividades da vida diária; colaborar e ou assegurar o acesso à prestação de cuidados de saúde”.

Nesse sentido, o projecto “implica a reestruturação e ampliação do actual edifício do Centro Social, a fim de ter o espaço suficiente para se poder trabalhar em condições, tanto a nível de cozinha, como de administração…”, explica o padre Henrique Ribeiro, explicando: “Queremos dar dignidade ao serviço e às pessoas que aqui trabalham para, ao mesmo tempo, podermos atender melhor as pessoas que nos vêm pedir ajuda”.

De facto, o edifício onde actualmente funciona o Centro Social de Covas é exíguo, com compartimentos pequenos, que em nada contribuem para um serviço que os seus dirigentes e funcionários pretendem seja ainda melhor. O prédio em causa era a antiga casa paroquial, que o actual pároco não ocupa, nem podia, sendo que toda a estrutura do edifício não está preparada para cumprir os novos propósitos que serve.
O projecto inicial de remodelação tinha objectivos mais ambiciosos, mas a realidade actual obrigou os responsáveis a repensarem e a reestruturarem a candidatura a apresentar.

“Já tínhamos pensado em alargar para a valência de Centro de Dia, só que as comparticipações da Segurança Social não estão fáceis, pelo que decidimos, para já, manter o SADI, com a reestruturação e ampliação do edifício, mas preparando o futuro, pois caso haja possibilidade de ampliar para o Centro de Dia estarmos preparados. Pelo menos o projecto está pensado assim para o futuro”, sublinha o presidente da instituição, frisando o facto de a população ser envelhecida e viver isolada.

“A população é cada vez mais idosa, os jovens emigram, saem da terra à procura de melhores condições de vida, o que é normal, e claro que existe muita dificuldade para as pessoas idosas fazerem o que faziam antes, pelo que se sentem muitas vezes isoladas, deixando de poder, por exemplo, tratar da sua própria alimentação e até do vestir. E neste momento é graças à instituição que elas vão podendo fazer essas coisas… Somos quase como uma família para essas pessoas”, explica o pároco, para quem a remodelação e ampliação do Centro Social é fundamental para que a instituição possa melhor cumprir o seu desígnio.

Zona rural e com uma população envelhecida, a fome não é o principal problema na comunidade, mas o presidente da instituição revela uma situação crescente que pretende combater: “O que é certo é que, muitas vezes, o que existe é pobreza envergonhada. Sabemos que as pessoas têm necessidade mas elas não pedem ajuda. Sabemos de alguns casos, estamos a tentar chegar a elas através de outras pessoas para as podermos ajudar dentro das nossas possibilidades e, claro, elas próprias também deixarem-se ajudar. O que estamos a tentar fazer não é para lhes retirar a dignidade, mas para ajudá-las a recuperá-la”.

Dando trabalho a 16 pessoas, o Centro Social é o maior empregador na comunidade e isso revela de per si grandes dificuldades de criação de receitas. Esse, aliás, é o grande problema da instituição, quando está prestes a candidatar-se a obras de remodelação e ampliação das instalações do Centro Social, que, ainda incluindo o sonho do Centro de Dia, orçavam em cerca de 400 mil euros, valor que reduziu para metade com a exclusão daquela valência do projecto.

“O nosso desejo é que pessoas ou entidades que tivessem a boa vontade de colaborar na construção do Centro Social, com materiais ou ajuda financeira, o fizessem, pois essa é a nossa grande carência. Agora cada um é que sabe como e com o que pode contribuir para que este projecto seja realizado. As pessoas das freguesias onde chegamos olham para este projecto como uma ajuda a garantir o seu futuro”, sustenta o padre Henrique Ribeiro, deixando um apelo: “O meu desejo era que, como disse Fernando Pessoa, a obra nascesse como está idealizada. A mensagem que gostaria de deixar é para aquelas pessoas que realmente nos pudessem ajudar o fizessem para que o sonho se tornasse realidade. Estou certo que as pessoas para quem trabalhamos ficariam com o coração muito agradecido a essas pessoas. Nós próprios teríamos uma enorme gratidão para com todos aqueles que nos ajudassem a edificar este projecto”.
Nesse sentido, o padre Henrique Ribeiro deixa o seu contacto de email (ribeiro.henri@hotmail.com) e o número de telefone da instituição (253342502) para que todos aqueles que sintam o apelo desta gente que necessita de ajuda o possam fazer de uma forma directa.
No fundo, o que o pároco de Covas, todos aqueles que com ele trabalham e que a instituição apoia pedem é que quem puder ajude o sonho a realizar-se.

Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)

 

Data de introdução: 2011-10-08



















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