TERCEIRA IDADE

Idosos merecem mais atenção, família e vizinhança têm falhado

O presidente da Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade pediu mais atenção aos idosos que vivem sozinhos, criando mecanismos sociais que vigiem o seu estado, seja através da família, vizinhos ou estratégias de "apadrinhamento" por jovens. Desde o início do ano foram já encontradas 18 pessoas mortas em casa, quatro delas só no passado sábado, duas em Lisboa, uma em Viseu e outra em Espinho. Para Lino Maia, sempre que é descoberto um idoso morto em casa é porque houve algo que falhou no apoio social e que tem de mudar: "é importante que os nossos idosos mereçam maior atenção por parte de todos, da respectiva família, que lhes devem muito, e de toda a comunidade que tem deveres para com eles".

Dois idosos, um homem e uma mulher, foram encontrados sábado mortos pelas autoridades nas respectivas casas, em locais distintos da cidade de Lisboa, já em estado de decomposição, revelou fonte da PSP. No caso da mulher, uma idosa de 87 anos, o delegado de saúde confirmou que já estaria morta "há cerca de duas semanas". O homem, por seu lado, teria 63 anos e foi encontrado em "estado muito avançado de decomposição", calculando-se que estivesse morto há cerca de um mês. Em Espinho, a polícia encontrou em casa o cadáver de um idoso de 79 anos, tendo os vizinhos dito que já não viam a pessoa desde o Natal. Em Viseu foi encontrado o corpo de um homem de 64 anos que estava desaparecido já há vários dias, depois dos vizinhos terem dado o alerta à polícia.

"São casos que se vão somando a outros casos e que nos devem fazer reflectir e aprofundar algumas iniciativas no sentido de impedir que isto se multiplique", defendeu o presidente da Confederação Nacional de Instituições de Solidariedade (CNI), em declarações à Lusa. Na opinião do padre Lino Maia, quando estes casos acontecem "há sempre algo que falha, falha a família, falha a comunidade, a vizinhança, falham todos".

Estes casos devem fazer com que se invista mais nas respostas sociais e no alerta que deve ser dado às famílias "para que assumam sempre as suas responsabilidades". Sugeriu, a propósito, que os vizinhos funcionem como primeiro alerta, mas também outro tipo de apostas. "Uma espécie de apadrinhamento pelos jovens a idosos, particularmente aqueles que estão sós, ajudando-os a enfrentar e a vencer a sua solidão, a ter mais entusiasmo na vida. Os jovens também beneficiarão porque o idoso é sempre uma espécie de biblioteca de conhecimento, de serenidade e de experiência", apontou.

Lino Maia compreende que os actuais recursos financeiros são limitados, mas defende que não é necessário mais investimentos, mas antes que sejam melhor rentabilizadas as respostas já existentes.

 

Data de introdução: 2012-01-30



















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