Conhecido o resultado do Congresso Eleitoral para os Órgãos Sociais da CNIS para o triénio 2012-2014, e que deu a vitória à Lista A, liderada pelo padre Lino Maia, o candidato a presidente pela Lista B, padre Arsénio Isidoro, era um homem tranquilo e conformado com a votação, demonstrando mesmo boa-disposição, apesar de não ter vencido.
Sobre o acto eleitoral, o presidente do Centro Comunitário Paroquial da Ramada, de Lisboa, recusou liminarmente qualquer postura de oposição, argumentando que essa não é a sua forma de estar na vida e, muito menos, na solidariedade.
Defendendo que o seu combate “nunca foi o de querer liderar o que quer que seja”, o padre Arsénio Isidoro explicou que a sua entrada na corrida eleitoral teve razões mais nobres: “O meu combate é pelo Bem, é pelas nossas instituições, pela nossa subsistência, pela nossa autonomia e pela valorização do nosso trabalho, esse é que é o caminho certo a percorrer, não é o de oposição… Até porque na solidariedade não pode haver opositores, não concordo com essa perspectiva! Concordo com o desejo de mudança, com o desejo de fazer um bocadinho mais e um bocadinho melhor, mas nunca numa postura de oposição, essa não é a linguagem do nosso reino, a nossa é a linguagem da solidariedade”.
E, nesse sentido, o líder da Lista B demonstrou, desde logo, disponibilidade para colaborar com a novel Direcção nos combates de futuro em prol da solidariedade com os mais desfavorecidos.
“Estou solidário com esta Direcção, com as pessoas que com ela colaboram, até porque nós somos todos colaboradores da solidariedade”, frisou, apontando um caminho para o futuro: “O País reclama pelo Bem, bem feito… Tanto para esta Direcção, como para as nossas instituições, a mensagem que quero deixar é que o Bem seja bem feito”.
Acerca do resultado, o padre Arsénio Isidoro, para além da sua “inexperiência”, afirmou não se atrever naquele momento a ter uma leitura sobre os mesmos, referindo, no entanto, que os vê como “uma aposta na continuidade e no apoio ao padre Lino Maia e à sua Direcção”.
CRÍTICAS AO PROCESSO ELEITORAL
Por seu turno, José Carlos Batalha, do Centro Social Paroquial da Azambuja e um dos principais promotores do movimento «Juntos pela Solidariedade Solidária», que esteve na génese da candidatura da Lista B, aponta “a clara abstenção das instituições de Lisboa” como uma das razões para o “resultado tão desnivelado” que se verificou e que o surpreendeu.
“Não encontro nenhuma razão para a ausência das instituições de Lisboa, não sei explicar o porquê, mas é importante dizer que estas eleições e tudo o que se gerou em torno delas foram seguramente muito prejudiciais para este ambiente e para as instituições”, sustentou José Carlos Batalha, referindo-se ao que, considerou, comportamentos pouco éticos da parte “da actual Direcção da CNIS e, sobretudo, dos seus assessores”, que “muito antes de abrir o processo eleitoral já andavam a extorquir os votos de alguns distritos do Norte”.
Questionando-se “se é legítima a vitória?”, Fausto Ferreira, candidato a presidente da Mesa da Assembleia Geral na lista B, argumenta: “Creio que sim, mesmo que um bocadinho maculada pela falta de igualdade de circunstâncias”.
Para os dois dirigentes, a colagem que se fez da Lista B ao Partido Socialista, “a guerra dos bispos” e a “guerra Norte-Sul” que alguns elementos ligados à cessante Direcção da CNIS fizeram passar “prejudicou claramente todo o ambiente eleitoral”, em geral, e a Lista B, em particular.
José Carlos Batalha deixa mesmo a acusação de que “pessoas ligadas à Lista A e o próprio padre Lino ajudaram, de alguma maneira, a incendiar este ambiente”, acrescentando: “E mais, já nas outras eleições o padre Lino disse que se soubesse que era outro padre que não se candidatava”.
Visivelmente insatisfeito com a diferença de 247 votos que ditou a vitória do padre Lino Maia, o candidato a presidente da Mesa da Assembleia Geral pela Lista B deixa, também ele, um conjunto de acusações ao processo eleitoral, escusando-se, porém, a concretizá-las: “Penso que há um conjunto de irregularidades que agora não interessam, mas que inclusivamente passam pela violação do direito de igualdade”.
Neste particular, Fausto Ferreira acusa o jornal Solidariedade de, em Outubro, dar à estampa a disponibilidade do padre Lino Maia para um novo mandato, que “no fundo, a apresentação da candidatura” e “depois quando aparece o padre Arsénio não há o mesmo tratamento”.
O presidente do Centro Juvenil de Campanhã estende mesmo a acusação de falta de imparcialidade a todos os Órgãos de Comunicação Social nacionais, afirmando haver “uma manipulação efectiva de determinados dados”, porque “nos Meios de Comunicação Social não houve o mesmo tratamento face às duas candidaturas.”
NÃO HÁ LINHA DE ACÇÃO
No rol de acusações destes dois dirigentes do movimento «Juntos pela Solidariedade Solidária» surge ainda o Protocolo de Cooperação para 2011-2012, considerado por todos os signatários como “histórico”. José Carlos Batalha considera que o mesmo foi utilizado para fazer campanha – “Não sei se isto é muito ético e ponho em causa essa atitude e postura” –, enquanto Fausto Ferreira menoriza os ganhos da CNIS junto do Estado, ao mesmo tempo que exige “uma linha de acção clara” por parte da CNIS e “sufragada claramente, em relação a determinadas matérias e acordos, pelos associados a cada momento”.
O líder do Centro Juvenil de Campanhã afirma que “o movimento social português está fragilizado e não é pela guerra, porque não houve guerra nenhuma, isto foi uma manobra que não sei quem tem interesse nela”, argumentando: “Olho para o que o Sector Social tem perdido de há 10 anos a esta parte, quando faz um serviço por metade do valor do que o Estado faz e ainda anda de saco na mão. Tenho dúvidas que o Sector Social tenha ganho alguma coisa a mais do que teria direito”.
Por outro lado, ambos os dirigentes da Lista B reafirmaram a crítica antiga de o acto eleitoral decorrer, como sempre aconteceu, em Fátima.
Sobre o futuro e a relação com a Direcção agora eleita, os dois dirigentes dizem-se prontos a colaborar. “Sempre colaborei, embora com alguns problemas pelo meio”, refere José Carlos Batalha, adiantando que, nos últimos três anos, no seio do movimento «Juntos pela Solidariedade Solidária», “um conjunto de pessoas vem falando, discutindo, avaliando e analisando o comportamento e a gestão da CNIS e vai continuar a fazê-lo.
Por seu turno, Fausto Ferreira esclarece que não será uma força de bloqueio, mas, a sua participação “será mais ou menos colaborante dependendo da atitude que a nova Direcção tenha”.
Milene Câmara/Pedro Vasco Oliveira/V.M.Pinto
Textos e fotos
Data de introdução: 2012-02-09