“A atribuição deste prémio ficará na nossa memória para sempre... Agradecemos aos voluntários, utentes, toucenses, fozcoenses e a todas as pessoas que nos apoiaram desde o início e que nos ajudaram a chegar a este patamar tão elevado”.
Foi desta forma que Dina Belo, presidente da Direcção da Associação de Voluntários em Saúde de Touça, concelho de Vila Nova de Foz Côa, agradeceu a menção honrosa atribuída pela Fundação Manuel António da Mota, no âmbito do prémio com o mesmo nome, entregue, juntamente com um cheque de cinco mil euros, na cerimónia Portugal Voluntário, em Dezembro último.
“Sinceramente, não estávamos à espera e é um enorme reconhecimento. O facto de estarmos nas 10 finalistas foi uma lufada de ar fresco para a Associação e já foi como se tivéssemos ganho”, diz, ao SOLIDARIEDADE, Dina Belo, presidente e uma dos 18 voluntários que compõem a Direcção da instituição.
Esta farmacêutica que exerce em Foz Côa está na génese da instituição cuja “ideia começou em 2009, através do presidente da Junta de Freguesia, João Belo, que lançou o repto para se formar uma associação que trouxesse para a Touça uma mais-valia em termos de cuidados primários”, recorda, explicando que de imediato pensou “em cuidados de saúde”, por ser a sua área de formação.
Refira-se que, em termos de cuidados de saúde, a freguesia de Touça não tem nada. “Para se ir a um médico de família tem que se ir a Freixo de Numão ou a Foz Côa e para uma especialidade só no Hospital da Guarda”, refere.
PROMOÇÃO DA SAÚDE
Surge, então, a 29 de Janeiro de 2010 a Associação de Voluntariado em Saúde de Touça, que tem como
objectivo promover a saúde e providenciar, a título gratuito, cuidados de saúde primários aos associados naturais e residentes da freguesia de Touça, assim como aos seus familiares em primeiro grau, disponibilizando para isso as suas instalações a todos os voluntários a título individual ou através de entidades, associações parceiras e protocoladas.
“Começámos a partir do nada... Não tínhamos sede, não tínhamos sócios, não tínhamos voluntários”, recorda Dina Belo, que destaca o apoio do Município de Foz Côa, “que foi um dos grandes impulsionadores da Associação, porque acreditou desde início no projecto”.
Os cuidados que a AVS de Touça presta traduzem-se num conjunto de acções multidisciplinares, realizadas de forma desinteressada, expressando o verdadeiro trabalho voluntário, que, para além de tentar melhorar a qualidade de vida dessas pessoas que estão mais envelhecidas e têm problemas de saúde, pretende agir na prevenção.
“Há muitas pessoas que vêm aqui apenas pela atenção que lhes é dada”, refere Dina Belo, que olha para a sede da Associação como uma espécie de Centro de Dia vocacionado para a saúde e o social, “porque isto funciona como um ponto de encontro para as pessoas de mais idade”.
Contando com cinco dezenas de voluntários, sem contar com os 18 dirigentes, a AVS de Touça conta com 165 sócios, mais de metade da população da freguesia, que, segundo o último Censos, tem 237 habitantes. “É uma das associações com maior número de sócios activos do concelho de Foz Côa”, sublinha a presidente da instituição, que é peremptória: “A Associação não é uma extensão de saúde de todo”.
CAMINHADAS INTER-GERACIONAIS
A acção da AVS de Touça é diversa, mas sempre com o fito na prevenção, não esquecendo a vertente de sociabilização fundamental num meio pequeno e isolado como aquele em que está sediada.
“Nós temos o que chamamos de Serviço Permanente, que é o que temos todas as semanas, ou seja, à terça-feira temos o médico de medicina tradicional chinesa, à quarta ginástica para maiores de 55 anos e à quinta-feira, através de uma parceria com a Cruz Vermelha Portuguesa e o município de Foz Côa, temos o projecto «Saúde sobre rodas», em que vem aqui uma equipa de um enfermeiro, um psicólogo e um animador sócio-cultural”, explica Dina Belo, que acrescenta: “Depois, por vezes a pedido dos próprios utentes, e mediante a disponibilidade dos médicos, vamos marcando algumas consultas. O psiquiatra vem mensalmente, o de clínica geral vem regularmente também, a psicóloga vem quando há duas ou três pessoas que precisam, ainda temos o osteopata”.
Em 2011, a Associação promoveu a «I Caminhada Inter-geracional pela Saúde», que contou com 80 participantes, dos 6 aos 80 anos. “A actividade suscitou muito interesse nos participantes, porque foi um convívio muito agradável, com grande troca de experiências e o caminho era bastante interessante, pois também incluiu um percurso pela serra”, sustenta Dina Belo, que recorda ainda a outra actividade de cariz mais lúdico e que já vai na segunda edição, que é a Noite Cultural.
“Com esta iniciativa, para além de incentivarmos o convívio entre as pessoas, tirando-as da sua solidão, também é uma forma de angariarmos receitas, porque cobramos um valor simbólico de dois euros pela entrada na Noite Cultural. E vem muita gente…”, argumenta a líder da instituição, que está neste momento tentar conseguir o estatuto de IPSS.
“Burocraticamente, já está em andamento a nossa equiparação a IPSS e com isso talvez consigamos um apoio maior da Segurança Social, para depois podermos avançar para o primeiro Centro de Convívio do concelho de Vila Nova de Foz Côa, aqui na Touça”, revela Dina Belo, que fala ainda de um outro projecto: “Temos ainda o objectivo, mas para já parado por falta de verbas, de criar uma espécie de centro de reabilitação física, um pequeno ginásio, em que a população em geral também poderia utilizar, não na perspectiva de reabilitação mas de manutenção”.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
Data de introdução: 2012-02-15