O que era já uma intuição por quem acompanha o itinerário social dos milhares de pessoas idosas atendidas em centros de convívio, centros de dia, apoio domiciliário acabou agora por ser apresentado como estatística actualizada pelo INE, com base no último Censos: 400 mil idosos vivem em situação de solidão.
E se à solidão acrescentarmos o abandono, o isolamento, a pobreza e a doença (situações que, desgraçadamente, coincidem nas mesmas pessoas) então o “retrato” fica mais negro e reclama das famílias (quando existem), do Estado (central, regional e local), das comunidades de vizinhança e das instituições de solidariedade, entre outras Entidades, um sobressalto cívico e um compromisso ético que, através de um reordenamento social inovador que acrescente à vasta rede de equipamentos sociais das IPSS (vocacionada e apetrechada para respostas sociais mais estruturadas) uma nova geração de “equipamentos de proximidade” geridos pelas comunidades de vizinhança especialmente atentas a quem vive em solidão e isolamento!
Agora que está na agenda política nova legislação sobre o arrendamento e a reabilitação urbana, seria imperdoável que a chamada sociedade civil, através, designadamente, das suas Instituições de Solidariedade, não se batesse pela reabilitação de tantas casas devolutas nas nossas cidades, elegendo as que, ao nível do rés-do-chão, possam permitir boas acessibilidades a pessoas idosas e portadoras de deficiências físicas. Os tempos não estão de feição para grandes investimentos públicos. Porém, a fazer fé nas declarações de dirigentes europeus, no novo quadro de apoio da União Europeia, serão afectas verbas que poderão ser direccionadas para reabilitação de prédios devolutos, transformando-os em equipamentos sociais de proximidade.
É sempre grande a tentação da utilização destas verbas em turbo-projectos de mega visibilidade e, muitas vezes, de invisível interesse público!
Felizmente, o Programa de Emergência Social (PES) prevê medidas que podem ajudar a concretizar este objectivo.
As reiteradas referências a esta temática dos idosos em solidão por parte do presidente da CNIS, agora reeleito com uma histórica maioria de participação de instituições e de votos favoráveis à sua continuação nestas funções (a quem felicito cordialmente), dão-nos a garantia de que, para além de outras boas CAUSAS que continuará a defender, este “ano europeu do envelhecimento activo e solidariedade entre gerações” ficará marcado por boas surpresas e oportunas iniciativas!
Pe. José Maia
Data de introdução: 2012-02-21