Após alguns anos de impasse, reacendeu-se o conflito israelo-palestiniano, centrado desta vez, na chamada Faixa de Gaza. Não se trata, propriamente, de um confronto entre o governo de Israel e a Autoridade Palestiniana, mas de uma nova batalha entre o executivo de Telavive e os líderes radicais do Hamas que passaram a dominar aquele território palestiniano, depois da guerra civil travada contra os seus “irmãos” da Fatah em 2006.
Esta nova batalha, que tudo indica estar para durar, teve um início violento: já fez dezenas de vítimas entre mortos e feridos e provocou um rasto de destruição, nomeadamente no lado palestiniano. Alegando ter sido atacado primeiro e inesperadamente por mísseis do Hamas lançados sobre o seu território, Israel respondeu com um primeiro raide da sua força aérea, atingindo e matando o chefe militar daquele movimento que seguia num carro pela cidade de Gaza. O ataque israelita provocou uma reacção extremamente emotiva e violenta do Hamas que deixou no ar uma ameaça muito séria de levar o inferno ao território israelita.
Estava criado o clima propício a uma guerra que se vem juntar a outras que principiaram mais ou menos do mesmo modo, e que não levaram a qualquer solução política, susceptível de trazer a paz e a estabilidade àquela região. Tudo isto acontece numa altura em que a Autoridade Palestiniana anuncia o seu propósito de levar à ONU um requerimento que visa a aceitação da Palestina como membro das Nações Unidas, embora, para já, com o estatuto de Observador.
Para evitar que o próximo passo seja o requerimento do estatuto de membro de pleno direito, o governo de Telavive já tornou clara sua oposição a uma tal pretensão da Autoridade Palestiniana, fazendo realçar ainda que tudo fará para garantir, nesta altura, a segurança dos seus cidadãos. E todos sabemos o que isso significa na linguagem judaica.
Aparentemente, o governo israelita está convencido da sua capacidade de responder a todas as ameaças, quer do ponto de vista militar, quer político. Do seu lado, conta sempre com o apoio dos Estados Unidos e de quase todas as potências ocidentais, embora em graus diferentes. O problema é que o Egipto já tornou público o seu propósito de afirmar a sua independência face à política americana quanto a este e outros problemas. Nem Washington nem Telavive podem contar com a compreensão ou com o receio que Mubarak foi demonstrando ao longo de todas as crises do Médio Oriente. E isto muda muita coisa.
A.J. Silva
Não há inqueritos válidos.