A FENACERCI foi distinguida, na Assembleia da República, com o Prémio Direitos Humanos 2013, “pela sua intervenção na defesa dos interesses e direitos das pessoas com deficiência” e “pelo trabalho desenvolvido em termos de sensibilização da opinião pública sobre esta problemática”, justificou o júri que atribuiu a distinção.
A presidente da FENACERCI sublinhou que este prémio traduz o reconhecimento do trabalho feito ao longo de 38 anos.
“O nosso trabalho tem sido sempre em prol da defesa dos direitos das pessoas com deficiência intelectual e multideficiência e consideramos que a atribuição deste prémio é uma honra para a FENACERCI”, sublinhou Julieta Sanches.
No entanto, a presidente da Federação Nacional de Cooperativas de Solidariedade Social (FENACERCI) teme que os tempos de crise e de restrições orçamentais tragam o retrocesso na maior conquista das pessoas com deficiência: o direito a uma educação inclusiva.
Em jeito de balanço, a responsável não tem dúvidas em apontar a educação como a maior conquista feita nestas quase quatro décadas de trabalho, sublinhando que antes do aparecimento das Cooperativas de Educação e Reabilitação de Cidadãos com Incapacidades (CERCI), as pessoas com deficiência estavam em casa e “havia simplesmente muito poucas respostas para estas pessoas”.
“Na escola regular não existia resposta e por conseguinte uma das grandes conquistas foi que essas
crianças tivessem direito a uma escola”, salientou.
Julieta Sanches, destacando que essa conquista não só trouxe grandes benefícios para as pessoas com deficiência, como trouxe ainda grandes melhorias na qualidade de vida das famílias.
Por outro lado, frisa a capacidade de dar resposta consoante o crescimento da criança como a segunda grande conquista, passando a ser possível dar respostas de qualidade através de novas valências e evitando assim o seu regresso a casa e que ficassem “metidas em guetos”.
“As respostas que estão a ser dadas, neste momento, é que estão em risco, porque os orçamentos que são destinados para a educação especial estão a ser cada vez mais reduzidos e isto é que é a nossa grande preocupação", alerta.
De acordo com Julieta Sanches, a aposta da FENACERCI é numa escola inclusiva e defende que se as crianças estão nas escolas regulares, então têm de ter todos os apoios necessários, admitindo que as escolas ainda estão deficitárias em relação a esses apoios.
“O orçamento para essas crianças é cada vez mais diminuto e isto é que está a por em risco a qualidade que é suposto dar-se nestas respostas, dentro da escola”, asseverou.
Nas palavras da dirigente, o grande receio é que se volte novamente às escolas de educação especial e se abandone a escola inclusiva.
“É uma grande preocupação da FENACERCI que isto venha efetivamente a retroceder, se a política não for de uma aposta clara na inclusão”, alertou.
Para além da FENACERCI, a Assembleia da República vai também distinguir, com a medalha de ouro comemorativa do 50.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o jovem refugiado Farid Walizadeh e o assistente social José António Pinto.
Farid é um jovem de 16 anos que se perdeu da família durante a guerra do Afeganistão e que está atualmente a residir no Centro de Acolhimento de Crianças Refugiadas do Conselho Português para os Refugiados. Desde que chegou a Portugal, em Janeiro, Farid dedica-se ao boxe e já se sagrou campeão nacional de cadetes, no Porto, sendo o seu maior sonho chegar aos Jogos Olímpicos e ao campeonato do Mundo de boxe.
Por seu turno, o assistente social da Junta de Freguesia de Campanhã, no Porto, deixou como principal mensagem aos deputados a mudança de paradigma de intervenção social.
“Troco esta medalha por outro modelo de desenvolvimento económico”, disse aquele que em Campanhã é conhecido como o «Chalana».
Data de introdução: 2013-12-10