As preocupações do Partido da Terra (PT) relativamente à pobreza em Portugal foi a principal razão que levou Marinho e Pinto, cabeça-de-lista daquele partido às eleições para o Parlamento Europeu, que se realizam em Junho, à sede da CNIS para uma reunião com alguns elementos da Direcção.
“Entendemos que a pobreza é uma questão política e que deve ser um assunto prioritário do Estado”, começou por dizer, ao SOLIDARIEDADE, o ex-bastonário da Ordem dos Advogados, que acrescentou: “Não se pode combater a pobreza esperando pelo desenvolvimento, este é uma consequência de combates sérios e coerentes à pobreza”.
Para o candidato do PT, “nenhum Estado será um Estado de Direito e muito menos democrático se houver pobreza e se não houver um combate sério à pobreza”, apontando um caminho: “Entendemos que o combate à pobreza deve ser objecto de um pacto sério entre todos os partidos para erradicar essa chaga da nossa sociedade, porque é também uma forma de realçar o valor da dignidade humana e uma forma de dar novos horizontes ao desenvolvimento”.
Marinho e Pinto explicou ainda que a reunião com a Direcção da CNIS serviu também para mostrar “admiração pelo trabalho que está a ser feito pelas pessoas da CNIS e firmar o compromisso da nossa parte de que no futuro iremos ter na actividade política perspectivas muito sérias para erradicar a pobreza em Portugal”.
Candidato a um fórum onde são discutidas muitas das matérias que têm influência directa nos Estados-membros da União Europeia, Marinho e Pinto foi peremptório: “Muitos dos problemas portugueses têm solução na Europa e nas instituições europeias. Grande parte da legislação que hoje está em vigor em Portugal é elaborada no Parlamento Europeu e, se eu for eleito, haverá uma voz diferente nessa assembleia, uma voz voltada para as questões sociais, para as injustiças, para a solidariedade, para a liberdade… Uma voz voltada, sobretudo, para erradicar causas do nosso atraso, do nosso subdesenvolvimento, e a pobreza é a primeira dessas causas”.
Por seu turno, o padre Lino Maia, que esteve na reunião acompanhado por Maria José Gamboa e ainda pelo assessor jurídico Henrique Rodrigues, considerou o “encontro muito interessante”, destacando o principal propósito do mesmo, por parte de Marinho e Pinto: “No fundo, veio falar da necessidade de considerar a luta contra à pobreza um desígnio nacional, indo sobretudo às causas. A pobreza é sempre injusta e uma manifestação de injustiças. E houve um aspecto que ele focou, e que nós temos vindo a falar há algum tempo, que é a necessidade de políticas de ordenamento do território, que não tem havido”.
O presidente da CNIS referiu ainda ter havido “um certo consenso” nas ideias explanadas, tendo a CNIS sublinhado “necessidade de afirmar no contexto europeu a especificidade portuguesa” na área social.
“O normal nos outros países europeus é as políticas sociais serem implementadas e executadas sobretudo pelos Estados. Nós contribuímos com as nossas ideias para as políticas sociais em Portugal, mas é o Estado que tem que ser o garante da universalidade dos direitos e o promotor das políticas, mas é o Sector Solidário que coopera com o Estado e que executa essas políticas sociais”, afirmou o padre Lino Maia, que deixou um pedido ao candidato do PT: “O que lhe pedimos é que, na Europa, afirme a especificidade portuguesa, porque isso poderá levar a um apoio diferente da Europa daquele que tem existido, pois deve ser um apoio às instituições e ao Sector Solidário e não exclusivamente ao Estado”.
P.V.O.
Data de introdução: 2014-03-05