D. Ximenes Belo esteve em Miranda do Corvo, para uma homenagem prestada pela ADPF, associando-se ao XVII aniversário desta IPSS.
Vindo de Moçambique, em trânsito para Roma, onde participará numa reunião dos laureados com o Prémio Nobel da Paz, D. Ximenes Belo aceitou responder a algumas perguntas do Solidariedade. Poucas, menos que as que pretendíamos fazer, mas a agenda sobrecarregada do prelado mais não permitiu.
Solidariedade – George W. Bush acaba de ser reeleito. Um resultado que o satisfaz, ou, pelo contrário, o deixa apreensivo?
D. Ximenes Belo – Esperava que houvesse uma mudança, pois estou crente que tal mudança ajudaria a contribuir para a paz no mundo. Assim, acho que a guerra no Iraque vai continuar. É hoje um grave problema, como todos vamos vendo, um problema que urge resolver, em meu entender através da ONU.
Solidariedade – A ameaça do terrorismo é maior depois da intervenção militar no Iraque?
D. Ximenes Belo – É verdade, essa ameaça é hoje maior.
Solidariedade – Pelo que afirma, presume-se que não foi a favor dessa intervenção, ou do modo como ela foi feita…
D. Ximenes Belo – Não estive a favor, porque acho que não foram esgotados todos os argumentos, todas as possibilidades de se conseguir uma solução por via pacífica.
Solidariedade – Yasser Arafat agoniza nos arredores de Paris. Que lugar acha que lhe caberá na história mundial?
D. Ximenes Belo – Ficará para a história como um libertador do seu povo, e criador do Estado da Palestina. Só espero que o seu ou os seus sucessores estejam à altura para conseguir finalmente a paz naquela região. Eu pergunto: porque é que o povo de Israel e o povo da Palestina não podem fazer o mesmo que fizeram os países que integram a União Europeia? Conseguir uma convivência pacífica.
Solidariedade – É a favor da integração da Turquia na União Europeia?
D. Ximenes Belo – A Turquia não fica na Europa? Acho que respondi.
Solidariedade – Na globalização, vê mais vantagens ou considera-a funesta…
D. Ximenes Belo – Tem alguns aspectos positivos e outros negativos. A globalização não deve servir apenas os grandes, temos que pensar nos mais pequenos, nos que têm mais dificuldades. A justiça social tem que ser bem aplicada. Aceito a globalização mas com justiça social.
Solidariedade – Fala-se na possibilidade de um bispo africano suceder a João Paulo II. O nome falado é o do cardeal nigeriano Francis Arinze. É chegada a hora de África ter um seu filho na cadeira de S. Pedro?
D. Ximenes Belo – Sabe, é muito cedo para fazermos previsões, ou prognósticos. Há muitos cardeais que são papinais, como nós dizemos por graça, significando que terão possibilidades de serem os escolhidos. Mas também se diz que quem entra papa no conclave sair cardeal…
Data de introdução: 2004-11-15