É urgente apostar nas energias renováveis

A União Europeia tornou pública através de uma Directiva Comunitária, a sua visão e intuito de progresso na produção de electricidade adquirida a partir de fontes de energia renováveis (FER). Deste modo pretende-se aumentar o contributo das soluções que utilizam fontes de energias endógenas, no total da energia produzida e consumida. Esta medida tem em vista a redução do impacto da emissão de gases com efeito de estufa, conforme estipulado no Protocolo do Quioto, bem como diminuir a dependência do fornecimento de outras fontes de energia de origem externa (hidrocarbonetos, carvão, etc.).

Em Portugal, de acordo com a Resolução do Conselho de Ministros nº 63/2003 de 13 de Março, foram estabelecidas metas indicativas até 2010, para produção de energia eléctrica a partir de FER. Nestas metas encontra-se o objectivo de instalar 150MW de sistemas fotovoltaicos (conversão da radiação solar em electricidade). Actualmente em Portugal só se encontram instalados cerca de 2MW, apesar de haver pedidos para grandes parques solares suficientes para atingir a meta indicada. Não existe, no entanto, é a certeza de que estes pedidos consigam encontrar financiamento para serem viabilizados. 

A utilização da energia solar fotovoltaica, permite-nos produzir energia eléctrica onde ela é necessária evitando os custos de perdas no transporte e distribuição do nosso sistema centralizado de produção de electricidade baseado em recursos fósseis, finitos e poluentes.
Não sendo um conceito novo, a energia solar fotovoltaica tem tido algumas dificuldades de imposição, pelo seu custo, mas também por óbvios inte-resses instalados.
Em boa verdade, se fossem considerados os reais custos de dependência externa, de custos directos e indirectos na saúde e no ambiente, a tarifa da electricidade teria que ser superior ao que é hoje. 

A energia solar fotovoltaica não pretende eliminar, de uma vez, todos os problemas associados ao tipo de produção que temos hoje. Mas promoverá, no entanto, um melhor futuro para as gerações vindouras.
Por outro lado, os custos dos equipamentos necessários para as instalações fotovoltaicas têm vindo a diminuir a um ritmo mais ou menos constante, ao mesmo tempo que a sua qualidade e eficiência aumentam. Neste momento, nada têm que ver com o tempo em que eram somente usados para aplicações espaciais e em pouco tempo talvez estejam disponíveis soluções técnicas para cada região climática do globo. O custo final destes sistemas está obviamente sujeito aos picos da lei da oferta e da procura, mas atendendo aos progressos da pesquisa e produção industrial em larga escala, têm uma tendência global de descida para os próximos anos. 

Para este facto, muito têm contribuído os desenvolvimentos na produção, mas também os apoios que muitos países, de forma dinâmica e activa, têm dado à promoção e desenvolvimento destes sistemas com programas como os telhados solares ou de tarifas de compra subvencionadas.
A Alemanha, com um potencial solar muito inferior ao do nosso País, é o que melhor promove esta tecnologia, atingindo um valor para 2004 superior a 300 MW de sistemas fotovoltaicos instalados. De seguida vêm o Japão, EUA (Califórnia), e a nossa vizinha Espanha.
Em Espanha o interesse de instalação quase triplicou e assiste-se também ao crescimento do mercado solar fotovoltaico em Itália e até em França. 

Os nossos vizinhos espanhóis são já um dos principais fornecedores de equipamentos; a título de exemplo da capacidade do seu mercado veja-se que só na Galiza existem já cerca de 20MW instalados.
Em Portugal aguarda-se que os promotores invistam nos parques de energia solar fotovoltaica. Por certo, isso vai acontecer a curto/médio prazo, quando o período dourado dos parques eólicos termine ou quando os projectos fotovoltaicos encontrem melhor retorno do investimento. Mas talvez seja já tarde para atingir as metas para 2010 e a tempo de desenvolver uma indústria nacional capaz de competir com os estrangeiros.

Assim, seria desejável que fossem agilizados os procedimentos para promover a utilização da energia solar fotovoltaica em ambiente urbano e pequena escala, como, por exemplo, nas IPSS. Aproveitando os casos de estudo feito noutros países e desenvolvendo programas que promovam a entrada destes sistemas no nosso meio. 

Actualmente e ao abrigo da legislação em vigor, uma instalação chave--na-mão para um sistema de 5kW, tem um retorno do investimento inferior a cinco/oito anos, dependendo da radiação solar incidente no local do projecto. Esta é uma forma muito atraente para quem pretenda rentabilizar um telhado, ou um terreno próximo de uma habitação, à medida que promove uma maior cultura de eficiência energética e respeitadora do meio ambiente. 

Infelizmente, a estrutura de pedidos em Portugal tem a mesma complexidade burocrática e temporal para um sistema de 1kW ou 1MW o que torna inviável muitas vezes o desejo de instalar estes sistemas. Devido a isso, a entrada de novos pedidos na Direcção Geral da Energia está suspensa, mas espera-se que na primeira quinzena de Janeiro de 2005 seja novamente possível a solicitação de autorizações para ligação de pequenos projectos à rede.

A transição para um sistema global de energia sustentável é um dos maiores desafios da Humanidade.. 

* Engenheiro Mecânico. MSc - Renewable Energies Systems Technology
   francisco.ribeiro@networkcontacto.com

 

Data de introdução: 2004-11-24



















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