Chama-se Fernando Gonçalves e, se não inventa tudo, inventa muito. Genebra dá-lhe o devido valor, dourando e prateando os seus inventos. Recentemente, ganhou a Medalha de Ouro com o FISIOCAR, um veículo de transporte e terapia, para deficientes ou traumatizados motores, e pessoas que tenham dificuldades motoras.
“É ideal para actividades domésticas, passeios ou compras em superfícies comerciais” – afirmou Fernando Gonçalves ao SOLIDARIEDADE, acrescentando:
“O utilizador pode andar sentado, de pé, ou caminhar apoiado nas extensões. Estas extensões são reguláveis em altura ou largura, bastando para o efeito levantar o estrado articulado do mesmo”.
Para além da funcionalidade de meio de transporte, o veículo pode ser utilizado para fisioterapia, uma vez que tem um estrado que, quando levantado, funciona como uma espécie de andarilho que permite ao utilizador movimentar-se, sempre apoiado pelo cesto de compras, colocado na dianteira.
Gonçalves concebeu o veículo para produção com ou sem motores.
De forma simples, diríamos que se trata de um misto de carrinho de compras e cadeira de rodas.
Da 32.ª edição do Salão Internacional de Invenções, que decorreu recentemente em Genebra, Gonçalvez trouxe quatro medalhas: duas de ouro, uma de prata e uma de bronze.
A outra medalha de ouro foi conquistada pelo VEHICLE DETECTION, ALERT AND BLOCKING SYSTEM, um sistema de controlo e detecção de entradas de veículos em auto-estradas, que impede a circulação de automóveis em sentido contrário.
TRANSVIA, um sistema de abertura rápida das barreiras de protecção em auto-estradas, valeu-lhe uma medalha de prata. A de bronze ficou para o BREAK-SYSTEM, um dispositivo de paragem de veículos a ser accionado quando os travões não funcionam ou em situações de risco de colisão.
Às quatro medalhas de Fernando Gonçalves, Portugal somou mais sete. Este ano, todos os inventos portugueses apresentados a concurso naquele prestigiado certame foram medalhados, o que aconteceu pela primeira vez em 32 anos de presenças regulares do nosso país.
Este inventor do Fundão espera agora que alguma empresa ligada ao sector o contacte, para avançar com a produção do FISIOCAR.
É o velho dilema dos inventores portugueses. Inventar, inventam eles muito. Os especialistas estrangeiros têm dado o devido valor ao trabalho dos nossos compatriotas. O problema surge depois, na etapa de produção. Geralmente a máquina emperra.
Fernando Nogueira Gonçalves amarga tal sina. No site que disponibiliza na internet, em http://www.invento.web.pt/, podemos ler:
Por falta de um inventor
Se perdeu um invento.
Por falta de um invento
Se perdeu um produto.
Por falta de um produto
Se perdeu uma empresa.
Por falta de uma empresa
Se perdeu uma fábrica.
Por falta de uma fábrica
Perderam-se milhares de empregos.
Por falta de milhares de empregos
Um país perdeu seu futuro.
Tudo por falta de um INVENTOR.
Pode ser que, desta vez, atendendo à utilidade social do FISIOCAR, este invento passe mesmo do papel.
Solidariedade, Maio de 2004
Não há inqueritos válidos.