Freguesia do concelho de Vila do Conde, Labruge conta desde há oito anos com o Centro Social e Paroquial para atender a algumas da necessidades sociais. O padre José Moreira idealizou a obra há muito, dealbava a década de 90 do século passado, uma altura em que muitas IPSS nasceram por todo o território nacional. Porém, o pároco deparou-se com a falta de terreno, sendo que a ideia inicial de criar uma infra-estrutura em Labruge tinha maior enfoque nas questões pastorais.
“A paróquia precisava de algumas infra-estruturas para prosseguir os fins pastorais e surgiu a ideia de se comprar algum terreno para realizar essas necessidades físicas”, recorda o pároco, acrescentando: “Inicialmente a ideia era construir um espaço mais paroquial do que social, mas, com o passar do tempo, realizou-se este projecto de construção de um Centro Social e Paroquial”.
O arranque dos procedimentos para pôr a instituição em marcha deu-se em 1996, mas apenas uma década depois a obra surgiu e a instituição iniciou o seu trabalho social.
“A construção não foi demorada, iniciou-se em 2004 e demorou dois anos, mas até chegarmos ao início da construção demorou”, afirma o padre José Moreira, que recorda dois anteriores projectos que não tiveram pernas para andar: “Entretanto, houve vários projectos… As instalações actuais tiveram, numa primeira fase, um projecto praticamente apenas paroquial, se bem que já havia a ideia de se fazer algo na área social, mas nada disto, seria apenas um Centro de Dia para convívio dos idosos. Esse projecto foi posto de lado e, depois, houve um outro que não aceitei, porque tinha uma dimensão muito alargada, que envolvia somas de dinheiro muito avultadas. Tive algum receio e não avancei, pois achei-o demasiado grandioso para o que achava que eram as necessidades e capacidades da paróquia. Então, depois, surgiu este projecto que foi edificado”.
Ao invés da ideia inicial, apesar de a vertente social do equipamento sempre estivesse presente, a infra-estrutura hoje tem mais carácter social do que paroquial, se bem que as duas vertentes convivem muito bem, como assegura o pároco: “A situação inverteu-se, porque agora predomina a parte social, mas este é um espaço com vários módulos, uns que servem as actividades do Centro Social e outros os da paróquia”.
Aliás, os paroquianos foram parte fundamental na edificação do equipamento, pois têm contribuído forte e abnegadamente para a instituição.
FUTURO A CRESCER
O Centro Social e Paroquial de Labruge dá resposta nas valências de creche (30 crianças, apesar da capacidade de 53), ATL (30), Serviço de Apoio Domiciliário (30) e Centro de Dia (30) e apoia 13 famílias no âmbito do Banco Alimentar Contra a Fome, para o que conta com uma equipa de 29 funcionários.
No coração de Labruge, a instituição não se cinge a prestar serviço na freguesia, estendendo a sua acção a Vila Chã, Mindelo, Modivas, Vilar, Guilhabreu, Aveleda, Vilar do Pinheiro e Vila Nova da Telha.
Olhando o futuro, a Direcção quer implementar, apesar do padre José Moreira não ser, por princípio, a favor dos lares de idosos, uma Estrutura Residencial para Idosos (ERI).
“Pessoalmente, sou um pouco contra o lar, porque a família é o espaço onde as pessoas deviam acabar as suas vidas. Mas perante a realidade, famílias mono-parentais e outras situações que não havendo rejeição familiar as condições levam-nas a procurar um lar, penso que é preciso agir”, sustenta o presidente da instituição, revelando: “Estamos a pensar redimensionar a parte paroquial e estamos a pensar em tudo. Já pedi para que fosse concretizado um esboço que existe que inclui um lar, com cerca de 30 camas… Não sei se conseguirei realizar esse projecto, mas já está em andamento”.
A directora-técnica Beatriz Lopes explica que a instituição pretende ir mais além, mas não será fácil contornar as imposições regulamentares: “A ideia da ERI seria uma resposta mais aberta de acordo com o que as famílias pedissem. Temos muitos idosos em Centro de Dia e as famílias nesta altura querem ir de férias, o que é normal, e a resposta é só durante o dia, mas ainda há a noite e os fins-de-semana… Há quem pergunte se não temos essa resposta, ou até se há algum colaborador que possa dar essa resposta. O Centro de Noite é de facto uma necessidade, porque há pessoas que precisam de passar apenas a noite. A ideia era dar uma resposta mais flexível, que vá ao encontro daquilo que as pessoas precisam, e não a que é imposta pela Segurança Social”.
No pensamento dos dirigentes está ainda uma ala para que os cuidadores familiares possam ter também algum descanso.
O crescimento na área dos idosos é igualmente acompanhado na área da infância, com a instituição a tentar rentabilizar melhor as condições que tem para oferecer. Porém, olhando os números facilmente se verifica que a capacidade de 53 crianças em creche não é acompanhada pela frequência efectiva de apenas 30 petizes. A explicação é simples e passa pela criação, entretanto, de mais uma sala e ainda da reduzida capacidade do berçário, como explica Beatriz Lopes: “Só tínhamos capacidade para 30 crianças, mas como tínhamos muito espaço, achámos que podíamos pedir alargamento da creche. Uma dessas salas vazias que tínhamos foi convertida numa sala heterogénea, mas que nunca conseguimos completar o número de crianças. Como o nosso berçário é muito pequenino, a sala de um ano fica sempre menos preenchida. Entretanto, decidimos ver com a Segurança Social a possibilidade de alargar o nosso berçário, para assim podermos garantir uma creche mais preenchida. Prevemos alargar o berçário de seis para 10 crianças, o que já nos permite dar outra resposta nas restantes salas”.
Apesar destes constrangimentos, a instituição não vive aflições financeiras e conseguiu construir o equipamento onde funciona sem ter que recorrer à banca.
“Temos uma boa saúde financeira, porque também é tudo muito ponderado. Tive a sorte de ter alguns elementos na Direcção que estão dentro da área e não temos tido dificuldades de maior. A obra foi paga pela paróquia e já está tudo pago. Há uma ligação sempre que necessário entre a paróquia e a instituição e se esta precisar de ajuda, falo com os paroquianos e consegue-se o necessário, porque tem sido sempre assim. As pessoas daqui são muito solidárias e correspondem sempre aos pedidos que lhes faço”, elogia o padre José Moreira, que revela como foi quase um milhão de euros angariados: “A obra envolveu, fora o equipamento, quase um milhão de euros e foi feita com dinheiro da paróquia, bens pessoais e esse dinheiro que pedi emprestado a algumas pessoas. Já está tudo pago”.
Por seu turno, a directora-técnica lembra que “a instituição também é uma mais-valia para a comunidade, não só pela resposta que dá às necessidades, mas porque criou vários postos de trabalho para as pessoas daqui”.
Importante em toda esta questão financeira é também a Liga de Amigos. “Tem crescido muito e actualmente são cerca de duas centenas de amigos”, refere o pároco, deixando uma palavra para quem tem sido solidário com a instituição: “O nosso povo pode ter muitos defeitos, mas é bastante solidário. E o povo daqui é expressão disso, pois despeja bastante dinheiro na paróquia livremente”.
Pedro Vasco Oliveira (texto e fotos)
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