A creche Crescer a Cores, em Carnide, Lisboa, corre o risco de não abrir no próximo ano lectivo por falta de financiamento, disseram a proprietária e a junta de freguesia. Em causa estão os atrasos na celebração de um protocolo entre a instituição particular de solidariedade social (IPSS) e a Segurança Social. "Se não estabelecermos esse acordo, é impossível a viabilidade da creche", lamentou Noemi Silva, responsável da creche.
Criada em Setembro de 2013, a creche situa-se num espaço da junta de Carnide. O estabelecimento tem atualmente 40 crianças, dos quatro aos 36 meses, sendo que a maior parte dos pais pagam a mensalidade mais reduzida de 130 euros. Apenas duas famílias fogem à regra, pagando 170 euros e 230 euros.
Segundo contas da proprietária, isto perfaz um total de 3.800 euros por mês, quando as despesas andam à volta dos 7.600 euros.
O apoio da Segurança Social rondaria os 10 mil euros e já abrangeria os salários de duas educadoras de infância que estão a realizar estágio profissional apoiado pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
A IPSS tem conseguido manter a creche em funcionamento através da parceria com a Fundação Montepio, que deu o financiamento inicial para construção, de 20 mil euros, o Banco Alimentar, que fornece os lanches das crianças e com a junta de freguesia, que dá apoio logístico, explicou Noemi Silva. O presidente da Junta de Freguesia de Carnide, Fábio Sousa, salientou que o apoio da Segurança Social seria "uma máscara de oxigénio para estas famílias e um apoio importante para a instituição, que de outra forma não consegue" manter-se aberta.
De acordo com o autarca comunista, esta situação coloca não só em risco as famílias, como as 10 pessoas que ali trabalham que estão na iminência de ficar desempregadas. "É fundamental para o bairro Padre Cruz", o maior bairro social da Península Ibérica, acrescentou Fábio Sousa.
A instituição apresentou em junho de 2013 um pedido de celebração de acordo com o Centro Distrital da Segurança Social de Lisboa, tendo reunido em março com a directora. No encontro, foi-lhes transmitido que o pedido para a celebração do acordo estava devidamente instruído e que apenas aguardava o despacho final. Numa resposta escrita enviada à agência Lusa, a Segurança Social esclareceu que "a celebração de acordo está condicionada à dotação orçamental e respectivas prioridades, não sendo neste momento possível assumir um compromisso".
A Crescer a Cores recorreu também a dois programas da Câmara de Lisboa para financiamento: Março de 2013 ao Fundo de Emergência Social de Lisboa, na Vertente de Apoio a IPSS, e em Fevereiro deste ano ao Regulamento de Atribuição de Apoios do Município de Lisboa. Contudo, não conseguiu preencher os requisitos para conseguir estes apoios, explicou a autarquia socialista.
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