São já muitas as IPSS que conseguem junto de empresas financiamento para projetos que pretendem desenvolver nas suas instalações ou fora delas, apenas com os seus utentes ou alargando a participação a outras instituições.
O que aqui pretendemos deixar são pistas para melhor elaborarem uma proposta a levar junto das empresas, especialmente daquelas que levam mais a sério a sua responsabilidade social.
À partida é necessário ter em conta o que podem as empresas ganhar ao financiar um projeto de uma instituição para que a escolha dos destinatários seja mais precisa e para que a proposta não passe ao lado desses potenciais ganhos.
Assim, é bom recordar que num eventual investimento na IPSS a empresa procura melhorar a reputação e ideias para novos produtos e/ou serviços, pretende reforçar o envolvimento dos seus colaboradores e ainda melhorar a relação com a comunidade, os fornecedores e os parceiros.
Ora, para que o caminho até ao financiamento termine com êxito é necessário elaborar uma proposta que vá ao encontro dos objetivos filantrópicos da empresa, fazendo-lhe sentir que pode e deve fazer bem quando fazem o bem e que a responsabilidade social é uma prática essencial ao negócio. Mas tão fundamental como estas questões é o saber pedir às empresas.
Para tal é fundamental trabalhar num planeamento de pedido de forma organizada, implementar um plano com objetivos e avaliar os resultados, afinando a estratégia.
Assim, torna-se essencial planear a iniciativa e identificar e classificar os alvos, ações que exigem tempo e recursos humanos, mas que se bem aplicados darão frutos.
Se o processo de pedido de financiamento que se está a iniciar começa do zero, então, é necessário fazer um estudo prévio do tecido empresarial, ao passo que se já houver um conhecimento prévio ou uma experiência anterior, esse trabalho está mais facilitado. No entanto, é crucial planear bem, o que é, desde logo, um excelente exercício para orientar o trabalho que se segue.
Depois, a pessoa ou, de preferência, a equipa responsável pelo fundraising deve identificar e classificar as empresas-alvo. Aqui, deve analisar o tecido empresarial, segmentar as empresas e selecionar as que deve abordar.
Importante sempre é não esquecer que as empresas têm períodos específicos na definição dos seus orçamentos e que é nessa altura que as propostas lhes devem chegar, o que normalmente acontece no final ou no início dos anos civis.
Na fase seguinte deve tentar criar-se algum envolvimento. O ideal é ter alguém conhecido e até comprometido com a causa no interior da empresa que possa abrir portas e preparar terreno, mas uma visita prévia à empresa ou, melhor ainda, conseguir levar os responsáveis da empresa à instituição para um primeiro contacto in loco são algumas estratégias a seguir.
Depois, o pedido propriamente dito deve ser, aliás, tal como tudo o resto, preparado com todo o cuidado.
Idealmente o pedido deve ser feito cara a cara com o decisor ou um influenciador, com uma apresentação curta e objetiva, colorida por alguma emoção, porque, como já vimos na edição anterior, o envolvimento emocional dos doadores é meio caminho andado para o sucesso da iniciativa. A proposta a apresentar deve ser diferenciadora, solicitar um apoio concreto e deve explicitar valores. Pela instituição, o ideal é que vão duas pessoas ao encontro, nem mais nem menos.
Já o pedido deve conter uma brevíssima descrição da instituição e da sua missão, explicar o projeto concreto para o qual se está a solicitar apoio, as necessidades do projeto e os seus objetivos, qual a estratégia definida, os custos totais do mesmo e, se já houver, uma lista com outros apoios já garantidos.
Importa ressalvar que nunca se deve pedir apoio a duas empresas que forneçam os mesmo produtos e/ou serviços.
Assim, a proposta deve ser clara e bem escrita, o pedido deve enquadrar-se no que a empresa quer e faz, o montante pedido tem que ser adequado à capacidade da empresa e feito na altura certa.
Importante é lembrar que as empresas podem doar não apenas dinheiro, mas também bens ou serviços e ainda voluntariado, tempo e experiência. Essencial é o pedido estar bem definido, quantificado e assentar numa ideia ou projeto bom e diferenciador.
Conseguido o apoio, é crucial reportar ao doador os resultados. Ou seja, é essencial dar conta à empresa dos resultados da aplicação do apoio recebido, demonstrar os efeitos na sustentabilidade financeira da instituição e apresentar o impacto social desse apoio.
Reconhecer o doador é, por outro lado, um elemento decisivo para que a relação e o apoio possam perdurar no tempo e há diversas formas de o fazer, podendo ir de uma simples carta de agradecimento à atribuição de um nome relacionado com a empresa a uma determinada instalação ou equipamento da instituição.
Preparar e planear bem e elaborar uma proposta clara e objetiva é o ponto de partida para que o pedido seja bem-sucedido, depois é ter um projeto aliciante, diferenciador e que traga vantagens, não só à instituição e à comunidade a que se destina, mas igualmente à empresa.
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