PADRE JOSÉ MAIA

Sinais de desumanização

A escolha deste título foi-me sugerida pela recente denúncia do Papa Francisco à facilidade com que o grande capital, ancorado em Governos que lhe prestam vassalagem, dá todo o dinheiro à banca para “lavar” muitos dos seus desvarios, negando igual apoio financeiro a tantas organizações que se vêm impedidas de poder organizar adequadas ajudas a milhões de pessoas que enfrentam dramáticas situações de catástrofes humanas (como é o caso dos refugiados)!

Sem renunciarmos ao direito à ESPERANÇA num mundo mais humanizado que assegure a TODOS o acesso aos mais elementares direitos humanos e sociais, assiste-nos também o DEVER de denúncia de todos os atentados feitos contra a DIGNIDADE HUMANA (aconteçam onde acontecerem, perpetrados seja por quem for)!

Infelizmente, também neste nosso retângulo português, entre outras desumanidades que por cá vão acontecendo, com especial destaque para as consequências de uma “austeridade sem limites” que nos foi imposta pela troika, merecem especial destaque: o grande número de crianças em situação de pobreza, os vários milhares de idosos pobres, sós e doentes, as mais de 15 mil famílias em situação de desemprego!

Foi-nos prometido um TEMPO NOVO!

Em abono da verdade, teremos de reconhecer que foram adotadas algumas medidas de política social que sinalizaram a atenção do Governo sobre os cidadãos mais carenciados.

Porém, paira ainda na sociedade portuguesa a imagem das muitas desigualdades sociais resultantes do modelo económico e de políticas fiscais desajustadas que se têm revelado incapazes de garantir uma maior equidade no acesso à riqueza produzida no país!

Aliás, a opinião pública tem dado sinais de que não aceita que, a uns, se negue um pequeno aumento de reformas, para, a outros, se oferecerem, de bandeja, à custa do erário público, chorudos salários!

Como cidadãos atentos às consequências da globalização, para além da análise crítica à matriz de desenvolvimento económico, social e humano que tem inspirado as políticas europeias e nacionais, teremos de seguir também, com interesse, um conjunto de coordenadas geoestratégicas, mais de natureza política, tais como: o resultado das eleições norte-americanas, a evolução na União Europeia (especialmente em relação às consequências do “brexit” da Grã-Bretanha e de outras eventuais saídas da União), tudo o que se está a passar na Rússia, na Turquia, na Síria, sem esquecer a ameaça permanente do terrorismo!

Esperemos que a Natureza, que tem sido tão maltratada, não se lembre também fazer os seus estragos (como aconteceu, recentemente, em Itália).

Felizmente, nos últimos tempos, têm merecido um lugar de destaque na agenda das nações poderosas as questões de defesa do ambiente, da ecologia!

Não podemos limitar-nos a ser “profetas das desgraças”. Temos, isso sim, de nos assumir, em nome da nossa cidadania humana e política, como “sentinelas” que não querem adormecer!

 

Pe. José Maia

 

Data de introdução: 2016-11-11



















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