O número de casos de violência denunciados ao serviço SOS Pessoa Idosa está a aumentar e as mulheres representam a maioria das vítimas, sobretudo nos distritos de Lisboa, Porto e Coimbra, revelam dados agora divulgados.
Criado em 2014 pela Fundação Bissaya Barreto, de Coimbra, o SOS Pessoa Idosa integra uma linha gratuita de atendimento telefónico, um serviço de atendimento direto e personalizado e outro de mediação familiar.
Durante o ano de 2016, a linha SOS Pessoa Idosa recebeu 173 pedidos de ajuda, via telefone e e-mail.
Segundo a Fundação Bissaya Barreto, “em 2015 registaram-se 146 apelos que conduziram a 71 processos”, enquanto “em 2016 surgiram 173 apelos que geraram 152 processos”.
Só este ano, até ao dia 7 de março, contabilizam-se 68 apelos e 57 processos individuais, “o que se reflete numa média de 28 casos por mês”, acrescenta.
Na maior parte dos casos são denunciadas situações de violência sobre mulheres idosas: “64% dos casos denunciados são referentes a mulheres, metade destas viúvas, com uma média de idade de 79 anos”.
Os dados recolhidos pela fundação indicam que “mais de um terço (34%) vive sozinha, cabendo uma percentagem menor às mulheres que residem na companhia do cônjuge (20%) ou de filhos (19%)”.
No que respeita ao agressor, “são muitas vezes os próprios descendentes, homens com média de 54 anos, a maior parte solteiros”.
“No ano de 2016, nas situações que chegaram ao Serviço SOS Pessoa Idosa, 55% dos agressores são filhos das vítimas (40% filhos, 8% filho e nora, 7% filha e genro)”, explica a Fundação Bissaya Barreto, acrescentando que estas situações foram denunciadas sobretudo por vizinhos e amigos.
Essencialmente nos últimos meses do ano passado, “o Ministério Público, concretamente, a Procuradoria-Geral Distrital de Coimbra, foi responsável por 11% das sinalizações realizadas ao Serviço SOS Pessoa Idosa, fruto de um protocolo de cooperação firmado entre esta instituição e a Fundação Bissaya Barreto”, acrescenta.
A maior parte dos apelos teve origem no distrito de Lisboa, seguindo-se os de Coimbra e do Porto.
A responsável pelo Serviço SOS Pessoa Idosa, Fátima Mota, considera que o aumento do número de apelos se deve “a uma maior implementação do serviço, resultado, por um lado, de um trabalho de afirmação e divulgação, e, por outro, de uma maior sensibilidade social para o problema, por parte das vítimas, dos profissionais e da sociedade em geral”, sublinhando que “é um trabalho sempre inacabado, pelo que é absolutamente necessário promover a defesa e o respeito dos direitos humanos nas escolas e nas famílias, desde tenra idade”.
Não há inqueritos válidos.