ANTÓNIO JOSÉ DA SILVA

O futuro da Europa

Há uma espécie de consenso geral acerca da importância decisiva que algumas eleições, previstas para este ano em alguns países, terão no futuro da Europa. Todos estão mais ou menos de acordo em que o projecto político e social do velho continente ficará marcado pelos resultados de algumas dessas consultas populares, particularmente a que terá lugar em França. Primeiro, porque se trata de um dos estados fundadores da então chamada CEE. Em segundo lugar, porque a história do país justifica o lugar cimeiro que sempre assumiu na defesa e promoção do projecto europeu e dos seus valores. Finalmente, porque os resultados dessas eleições poderão pôr em causa o desenvolvimento desse projecto e a sua aplicação.

Na verdade, é na França que se situa hoje o maior desafio que se coloca ao desenvolvimento, senão mesmo à existência da União Europeia, como entidade económica e política própria e reconhecida internacionalmente como tal. Ainda não refeitos totalmente do abandono consumado por parte do Reino Unido, os restantes membros do grupo que dava rosto a essa União enfrentam agora o risco de perder um dos seus mais prestigiados fundadores: a França. Porque é isso que vai acontecer, se for Marine le Pen a vencer as próximas eleições presidenciais. E o risco nunca foi tão grande.

Num dos seus últimos comícios, a líder da Frente Nacional não deixou dúvidas acerca dos seus grandes objectivos em caso de vitória. Entre eles, merecem referência particular o abandono do euro, uma alteração profunda na política migratória do país e ainda o fim da participação francesa no comando da NATO. Isto chega para termos uma ideia aproximada daquilo que um triunfo de Marine Le Pen poderá significar para a França e para a Europa.

A hipótese de uma vitória da extrema direita nas eleições presidenciais francesas, nunca passou disso mesmo: de uma hipótese que não era levada demasiado a sério. A eventualidade de um candidato radical chegar ao Eliseu afigurava-se incompatível com a imagem da história política do país, incompatível com essa imagem e de concretização praticamente impossível, até porque a realização de uma segunda volta abriria sempre a “certeza” de uma derrota de Marine Le Pen. No entanto, o alarido público à volta de François Fillon, o candidato da direita e favorito à vitória final, a pretexto dos empregos políticos por ele concedidos à sua mulher e aos filhos, veio dar mais força à candidata da extrema direita.

Depois da vitória do “Bexit” no Reino Unido, e se lhe juntarmos a chegada de Trump à Casa Branca e a próxima realização de eleições na Holanda e na França, bem se pode dizer que o futuro da Europa, tal como a conhecemos no últimos anos, parece estar em risco.

 

Data de introdução: 2017-03-12



















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