O edil Paulo Cafôfo é o anfitrião da XI Festa da Solidariedade, acolhendo o evento no bem conhecido e mundialmente apreciado Jardim Municipal do Funchal, afirmando, em entrevista ao SOLIDARIEDADE, que "é uma honra o Funchal ser a cidade anfitriã de um evento a que atribuo uma importância maior". O autarca elogia a "excelente escolha" da CNIS para realizar a edição de 2017 na capital da Região Autónoma da madeira, lembrando os 500 anos de história da cidade.
SOLIDARIEDADE – Como avalia a rede das IPSS do concelho?
PAULO CAFÔFO – O Funchal, felizmente, tem na sociedade civil uma dinâmica muito forte, o que para quem gere uma cidade como esta é bom, porque esta é uma rede de suporte e apoio, não só dos programas sociais da autarquia, mas também por todo o auxílio que dá às pessoas. Tendo em conta as particularidades das competências aqui na Região Autónoma, temos tido um muito bom relacionamento com essa rede, porque há uma ação concertada entre a autarquia e as IPSS.
É, então, uma interação com dois sentidos?
É uma relação com dois sentidos, isto é, naquilo que as IPSS necessitam, porque a autarquia é uma entidade de proximidade também, para o seu bom funcionamento, mas também quando a Câmara, ao ter conhecimento de determinadas situações, requer a colaboração das IPSS.
Daí o «Encontro com as Pessoas» [presidências abertas pelo concelho]?
A ação política só faz sentido se fizermos a diferença com as pessoas. Nos últimos anos vimos e sentimos uma crise imensa que afetou todos, mas mais aqueles que são mais frágeis. E nesta situação são as IPSS, as câmaras e as juntas de freguesia que mais apoio dão às pessoas, pelo conhecimento direto que têm. A crise afetou muita gente no Funchal e aqui sentimos uma ação dupla da crise de 2009. Nós já temos características muito específicas e que são condicionantes, como o facto de sermos uma ilha. Uma cidade de uma ilha tem problemas naturais, mas quando são agravados pela crise e pela austeridade a situação piora e aqui tivemos uma dupla austeridade, a nacional e a regional. E isto teve um impacto muito negativo no bem-estar das pessoas. E por isso privilegiamos esta relação próxima com as pessoas, mas também com aqueles que lhes dão a mão, como são as IPSS.
Quais as grandes necessidades sociais no Funchal?
As nossas políticas sociais são encaradas como investimento nas pessoas e não temos uma perspetiva tanto de caridade. Sabemos que as pessoas têm necessidades imediatas, básicas, mas procuramos sempre nos nossos projetos que haja mais do que o dar pelo dar, tentando que as pessoas, por elas próprias, criem as condições para assegurar a sua subsistência e bem-estar. A nossa preocupação vai particularmente para as pessoas idosas. O que se verifica é o envelhecimento das pessoas, que são as mais frágeis fruto da idade, mas também porque muitas delas estão sós. A crise também teve o condão de promover a emigração em massa dos mais novos. Um problema que detetámos foi que as pessoas não compravam os medicamentos que necessitavam por falta de dinheiro. Por isso criámos um programa para os medicamentos, em que os idosos, através de um cartão que tem uma verba, previamente determinada, vão diretamente à farmácia. Mas também há aquelas pessoas, mais novas, que perderam o emprego, pelo que criámos um programa de formação e ocupação em contexto de trabalho. A nível da infância, mesmo com a ação social escolar, havia famílias que não conseguiam suportar os custos da educação dos filhos, por isso lançámos um programa de apoio à natalidade e à família. Por outro lado, a habitação também é um problema no Funchal, daí que criámos programas de apoio à renda e de requalificação de casas, em especial nas zonas altas.
E como vê a realização da Festa da Solidariedade no Funchal?
Para nós, é uma honra podermos ser a cidade anfitriã de um evento a que atribuo uma importância maior. Não só pela credibilidade que está subjacente, mas também por sermos a primeira cidade, fora do continente, a receber tão digno acontecimento. Somos uma cidade com mais de 500 anos e as pessoas por vezes esquecem-se que somos a primeira cidade construída pelos europeus fora do Velho Continente. O Funchal foi também a primeira diocese global, porque abarcava todos os territórios que estavam a ser descobertos ou conquistados pelos Portugueses no Novo Mundo, ou seja, abarcava quatro continentes. Apesar de estarmos aqui no meio do Atlântico, temos uma posição central e histórica e somos um povo muito acolhedor e que gosta de receber. Por tudo isto, acho que foi uma excelente escolha.
P.V.O.
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