Hoje, dia 21 de setembro, assinala-se o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, uma demência que afeta mais de 50 milhões de pessoas no mundo. Em Portugal há cerca de 100 mil pessoas que sofrem de demência, ou seja, cerca de 1% da população portuguesa.
A doença de Alzheimer é um tipo de demência que provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas, como a memória, a atenção, a concentração, a linguagem e o pensamento, entre outras.
Esta deterioração tem como consequências alterações no comportamento, na personalidade e na capacidade funcional da pessoa, dificultando a realização das suas atividades de vida diária.
Até à data não foi ainda encontrada uma cura para a doença de Alzheimer. No entanto, existem algumas medicações que parecem permitir alguma estabilização do funcionamento cognitivo nas pessoas com Doença de Alzheimer, nas fases ligeira e moderada.
Os medicamentos também podem ser prescritos para sintomas secundários, como inquietude e depressão, ou para ajudar a pessoa com Doença de Alzheimer a dormir melhor.
Por outro lado, têm sido estudadas, desenvolvidas e aplicadas algumas terapias não farmacológicas, não apenas para atenuar e retardar os efeitos nocivos da doença, mas igualmente para prevenir o seu desenvolvimento.
Os especialistas identificam dois tipos diferentes de doença de Alzheimer: a doença de Alzheimer esporádica, que pode afetar adultos de qualquer idade, mas ocorre habitualmente após os 65 anos, é a forma mais comum da doença e afeta pessoas que podem ter ou não, antecedentes familiares da doença; e a doença de Alzheimer Familiar, que é uma forma menos comum, na qual a doença é transmitida de uma geração para outra.
A identificação da doença não é fácil e, nas fases iniciais, os sintomas ser muito subtis. Todavia, começam frequentemente por lapsos de memória e dificuldade em encontrar as palavras certas para objetos do quotidiano. Estes sintomas agravam-se à medida que as células cerebrais vão morrendo e a comunicação entre estas fica alterada.
Outros sintomas característicos: dificuldades de memória persistentes e frequentes, especialmente de acontecimentos recentes; apresentar um discurso vago durante as conversações; perder entusiasmo na realização de atividades, anteriormente apreciadas; demorar mais tempo na realização de atividades de rotina; esquecimento de pessoas ou lugares conhecidos; incapacidade para compreender questões e instruções; deterioração de competências sociais; imprevisibilidade emocional.
Na realidade, qualquer pessoa pode desenvolver a doença de Alzheimer. Porém, é mais comum acontecer após os 65 anos. A taxa de prevalência da demência aumenta com a idade. A nível mundial, a demência afeta uma em cada 80 mulheres, com idades compreendidas entre os 65 e 69 anos, sendo que no caso dos homens a proporção é de um em cada 60. Nas idades acima dos 85 anos, para ambos os sexos, a demência afeta aproximadamente uma em cada quatro pessoas.
A progressão da doença varia de pessoa para pessoa, mas a doença acaba por levar a uma situação de dependência completa e, finalmente, à morte. Uma pessoa com Alzheimer pode viver entre três a 20 anos, sendo que a média estabelecida é de sete a 10 anos.
Enquanto não é encontrada uma cura para a doença de Alzheimer, combatê-la é uma necessidade urgente e exige um plano bem definido a nível global.
«100 MEMÓRIA»
As IPSS, em especial as que trabalham com idosos, deparam-se amiúde com esta realidade e necessitavam, cada vez mais, de instrumentos e estratégias para ajudar os seus utentes.
Uma dessas estratégias são as terapias não farmacológicas, como a dançaterapia ou a musicoterapia, mas também atividades de estimulação cognitiva e física.
Estas são algumas técnicas já estudadas e aplicadas a doentes de Alzheimer com resultados positivos comprovados, não apenas na atenuação dos efeitos da doença, mas especialmente na prevenção.
Muitas destas e de outras técnicas têm sido debatidas e partilhadas na grande conferência sobre a doença de Alzheimer que a Fundação Champalimaud realizou por estes dias em Lisboa.
Algumas IPSS nacionais têm desenvolvido algum trabalho nesta área e, em Anadia, 500 idosos participaram na iniciativa «100 Memória», que pôs, precisamente, em prática algumas destas terapias.
Organizado por Susana Henriques e algumas alunas da Pós-Graduação em «Intervenção com Doentes de Alzheimer e outras Demências» com o apoio da Replicar Socialform e da REN, o «100 Memória» reuniu 30 IPSS, oriundas de oito distritos, com o objetivo de realizar vários ateliês de terapias não farmacológicas: Estimulação Cognitiva, Musicoterapia, Dançaterapia, Estimulação Motora e Interação Social.
A iniciativa decorreu numa unidade hoteleira de Anadia, com os grupos de idosos a percorrem as diversas salas onde decorriam as atividades. Esta situação gerou a única crítica de alguns dos técnicos das IPSS presentes que, face às limitações físicas do espaço, que obrigava a deslocações de elevador e a grandes esperas dos utentes para os utilizarem, consideraram que melhor teria sido os utentes se fixarem num espaço e os diferentes ateliês irem ao seu encontro.
No entanto, todos elogiaram a iniciativa por proporcionar o contacto com as terapias cada vez mais importantes para estas pessoas que, devido à idade, são potenciais alvos da doença.
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