Acredito que as Instituições Particulares de Solidariedade (IPSS) vão ter uma importância acrescida no futuro e explico a razão desta minha convicção.
Parte desta ideia resulta da forma como vejo a evolução da sociedade no nosso tempo. Assistimos ao falhanço de duas experiências fundamentalistas. Falhou o estatismo e falhou o fundamentalismo de mercado. Se no fim do século passado caiu o muro de Berlim, no início deste século a crise recente demonstrou o fracasso das teses liberais ou neoliberais, dado que ficou provado que os mercados deixados à sua sorte não são capazes de se auto regular.
Nunca como hoje foi tão necessário apelar que a política seja construída na base de princípios éticos, apoiados num pragmatismo inteligente e flexível. Nunca como hoje foi tão necessário conceber uma política social que concilie a máxima liberdade com a máxima responsabilidade.
Neste quadro, as IPSS são um fator de esperança com vista a uma sociedade mais justa e, também por isso, mais desenvolvida, desde logo porque são portadoras de um projeto baseado em valores éticos essenciais, têm por princípio a primazia da pessoa e os seus objetivos são, prioritariamente, de natureza social.
De há muito que tenho a opinião que a maior parte dos graves problemas sociais que vivemos precisam muito de soluções locais.
A possibilidade de se poder inovar e conseguir obter soluções diferenciadas e adaptáveis às características dos reais problemas, que são muito diferentes, de caso para caso e de região para região, é a forma mais correta de desenvolver componentes muito importantes das políticas sociais. As IPSS sabem fazer isto muito bem.
Sendo a atitude das IPSS a procura do chamado “bem comum” isso significa também uma opção de vida, através da qual os seus dirigentes assumem responsabilidades que se traduzem numa dádiva de serviço a favor dos outros.
Para além da superioridade de espírito que tal opção revela, a sua utilidade social está para além do serviço que é prestado.
Com efeito, através desta opção de vida identificam-se necessidades emergentes, que só um espaço de liberdade espiritual, de responsabilidade cívica e de uma ligação muito direta ao terreno pode proporcionar.
Não há inqueritos válidos.