A diferença salarial entre homens e mulheres em 2017 foi de cerca de 15%, traduzida em mais 150 euros na remuneração média mensal base dos homens, de acordo com os dados de um barómetro apresentado pelo Governo.
Em 2017, o salário base dos homens em Portugal fixou-se 1.008,8 euros mensais, acima dos 859,1 euros mensais das mulheres, uma diferença de 14,8% a favor dos homens, que é ainda maior, de 18,2% se for tido em conta os salários efetivamente ganhos.
Os dados constam do Barómetro das Diferenças Remuneratórias entre Homens e Mulheres, apresentado em Lisboa, que revela também que se a análise for feita tentando minimizar o efeito de algumas variáveis que podem ajudar a explicar as diferenças salariais entre homens e mulheres, como o nível de qualificação profissional, habilitação literária ou antiguidade no emprego, entre outros, a diferença percentual entre géneros baixa para 11,2%.
"Há fatores que explicam -- diferentes níveis de qualificação ou diferenças de natureza profissional -, mas depois de corrigir tudo isso permanece uma diferença inexplicável, que por vezes poderá ser até explicada por atos de discriminação salarial", disse aos jornalistas o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva, no final da cerimónia.
O ministro apontou o combate às diferenças salariais entre homens e mulheres como uma prioridade e defendeu que "este barómetro traz mais informação sobre a natureza" dessa desigualdade, pretendendo-se que no futuro possa ser um instrumento de correção usado pelas empresas.
"As empresas irão conhecer as diferenças salariais que têm nos seus quadros, como é que elas se comparam com o setor, com a economia nacional e serem apoiadas para definir programas de correção dessa diferença salarial não explicável. [...] Estamos numa fase muito importante, compreender a realidade, conhecê-la e oferecer às empresas o retrato da sua própria situação. Não vamos pedir nada, vamos usar os dados já existentes para que cada empresa possa construir estratégias salariais de redução da desigualdade, como já está a acontecer na contratação coletiva", disse o ministro.
O barómetro, que permite perceber as diferenças a nível nacional, regional e setorial, mostra que em setores de atividade com recursos humanos mais qualificados o fosso salarial entre homens e mulheres se agrava, quando "seria de esperar que os diferenciais pudessem ser mais próximos de zero", o que o ministro disse não ser dissociável de uma maioria de homens em cargos de decisão.
"As grandes empresas, empresas cotadas, tinham e têm ainda enorme disparidade de género nos seus quadros diretivos. Talvez isso não seja alheio a uma diferença salarial que se repercute por toda a estrutura. Nós introduzimos objetivos progressivos de equilíbrio nos postos de tomada de decisão. Sem intervir diretamente na vida das empresas e nas suas políticas salariais, a fixação de políticas públicas para ocupação dos cargos de administração vai inevitavelmente mostrar que um maior equilíbrio tem também consequências positivas na produtividade e competitividade das empresas", afirmou Vieira da Silva.
O setor de atividade económica em que existe maior fosso salarial entre homens e mulheres, se for tido em conta o indicador que não têm em conta fatores atenuantes, é o das atividades artísticas e desportivas, onde a diferença é de 57,1%.
Tendo em conta as variáveis atenuantes, a diferença neste setor baixa para os 19,6%.
Em termos distritais, Setúbal, Leiria, Aveiro, Lisboa lideram a lista do maior fosso salarial entre salários base médios, estando Aveiro próximo de uma diferença de 20% em desfavor das mulheres.
O Barómetro, elaborado pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento, na dependência do ministério tutelado por Vieira da Silva, teve em conta informação disponibilizada pelas empresas, e refere-se a todo o país, incluindo as regiões autónomas da Madeira e dos Açores.
Até ao final do ano devem ficar disponíveis os dados relativos a 2018.
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